Há olhos mortos ainda em vida; olhos sem faísca, que não cintilam, neles nenhum lampejo de preferências ou estados de alma. Mas há outros olhos; olhos quentes, calorosos, a crepitar de desejos só vagamente disfarçados. Estes últimos são os olhos onde queremos afogar-nos, olhos terrenos com pestanas e pálpebras verdadeiras, que mexem para baixo quando envergonhados, para cima quando lhes pára o pensamento ou constróiem uma mentira, olhos que se frazem perante dúvidas ou desacordos.
Os nossos olhos são janelas que abrimos de par em par às almas que se deixam espreitar. Vêmo-las mastigar, cantarolar e mesmo sonhar. Vêmo-las serem sozinhas quando pensam que ninguém está a ver nas luzes acesas dos prédios à noite. E sentimos as nossas almas mais docemente sozinhas nessa comunhão.
- Os olhos são as janelas da alma
sexta-feira, 3 de novembro de 2017
Provérbio ocular
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário