O palácio chamava-se "de cristal" e ficava na segunda cidade, aquela com vontades e vaidades de primeira. Tinha um grande jardim em seu redor com grandes gaiolas contendo um sem número de espécies animais com asas.
O Sr. Amarante era de gema, na segunda cidade nascido e criado, e encarregado de abrir e fechar os portões do palácio. Muito excessivo, irascível e rabujento com os frequentadores do local, enxotava todos os que lhe pareciam estar a desprestigiar o seu paraíso. Vinham estudantes estender as capas negras na relva, crianças alimentar as aves com pedaços de pão, turistas de máquinas a tiracolo decepcionados por o cristal do palácio apenas figurar no nome. O Sr. Amarante vassourava-os, zangava-se acalorado, atirava-lhes as pedras de quando foi arranjada a calçada defronte. Chegou a ter queixas no livro de reclamações mas, como não chegou a haver nenhuma cabeça partida e a sua fama de colérico já ultrapassava os portões, não houve nenhum processo disciplinar, apenas aqui e ali uma tímida chamada de atenção.
Um dia ao Sr. Amarante baixou-lhe uma tristeza sem nome. Acabrunhado, sentou-se na relva e partilhou o farnel com os patos. Foi logo despedido.
- Quem tem telhados de vidro não atira pedras
sexta-feira, 3 de novembro de 2017
Provérbio com sete pedras na mão
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