Provérbios Provados noutras casas:

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Provérbio convidado inventado

Já tenho pedido a amigos(as) que me escrevam um provérbio, mas sou normalmente enxotada. Hoje a Anabela inventou e ofereceu-me esta pérola – apesar de não querer escrever nenhuma história, ela assegura que está mais que provado:


- O português mesmo quando interessado não gosta de ser engatado

Provérbios provados mencionados

Os provérbios provados foram mencionados no prestigiado Malomil

Quanta honra! Estou inchada de satisfação.
Obrigada, António Araújo!

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Provérbio asinino

Passou-se isto num lugar nos montes atrás dos montes. A essa aldeiazinha chegou um dia um casal de holandeses à procura de um burro. Isso mesmo, um burro. A Manuela do “Café Nelita” lá foi dizendo, num poucochinho de inglês e gestos de mímica, que sim, que havia um burro. Só um, mas havia. E lá foi mandado buscar o compadre Silvino que veio devagarinho com o seu burro Tó. O casal de holandeses passou do sorriso largo ao sorriso lasso: indecisos, falavam baixo lá no seu dialecto, e deveriam estar examinando o que sabiam todos: o burro era velho e para trabalhar já não servia. Então o casal continuou dialogando em tom surdo, e dirigindo-se num tom mais alto à Nelita, dispôs-se a falar, enquanto ela toda se soprava em onomatopeias e gestos desesperados.
Depois de um bocado naquilo: uns dispersavam, outros chegavam perguntando que se passava, e o Tó defecava; lá a Nelita muito afogueada conseguiu dar conta da holandesa jornada: este casal tinha uma casa de turismo rural, já ali num monte atrás dos montes mais perto. Ora os turistas que vinham para essa casa gostavam de fazer as coisas cá da terra, fazer o pão, o azeite, andar nas vindimas, que lá na terra deles não tinham nada dessas coisas. E agora queriam um burro para dar passeios. O pessoal ficou intrigado, então estes camoines em vez de descansar vinham para trabalhar e andar escanchados num burro? Que o compadre Silvino não se preocupasse, alvitrou a Nelita, viriam buscar o Tó sempre que houvesse ocasião e trá-lo-iam são e salvo depois da passeata. Sem problemas. Bom dinheiro por cada passeio do Tó. O compadre anuiu, mas lá foi avisando que o burro era muito teimoso e que apenas respondia por um chamado muito preciso
     - Ó-ó-ó, bu-u-u-rr-e-e
     seguido de um estalido com a língua. A holandesa tentava, o holandês repetia, a Nelita conseguia, e de repente tudo em largo ria enquanto o Tó zurrava irritado.

Até que chegou a primeira marcação: compadre Silvino mandou Tó engalanado, despedindo-se do holandês com um obrigado. Ao fim do dia, o burro foi devolvido e contada a história por um holandês desiludido: por mais que fizessem, chamassem, cantassem, estalassem a língua, o Tó fincou as patas no chão e dali não saiu. Ninguém nesse dia passeou. Mas o Silvino não se ficou: disse à Nelita que dissesse ao holandês que o burro continuava a ir, sim, mas acompanhado pelo dono, com a idade que tinha já estava cansado e além disso

 - Burro velho não aprende línguas