O sol não casa com a lua
Porque tanto muda de quarto
E aparece assim bela e crua
Quando o sol do dia está farto
Sempre que ele se vai deitar
É que a lua sabe surgir
Tantas horas só a desejar
Para logo depois ir dormir
Quando ela desperta já tarde
Com os seus cabelos de luz
Consegue sem nenhum alarde
Sentir como o sol a seduz
Aquece -lhe a superfície
Com o seu último calor
Enquanto cai na planície
Num instante de estertor
Se coabitar conseguissem
A união seria perfeita
Se entretanto não se sumissem
Numa separação que é suspeita
É uma relação impossível
Como a do cacto e o balão
Que a lua é mais sensível
Ao desgaste que traz exaustão
Só amores desperdiçados
Há neste mundo impreciso
Concluídos ou inacabados
Com estratégia ou de improviso
Que é a vidinha dizeis
Não interessa haver queixume
O amor conduz-se por leis
Que podem trazer azedume