Provérbios Provados noutras casas:

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Provérbio citado (ANTUNES)

«Gago Coutinho era também o café do Mete Lenha, branco sopinha de massa cujo esforço para falar o torcia de caretas de defecação, casado com uma espécie de botija de gascidla enfeitada de colares estridentes, sempre a queixar-se aos oficiais dos beliscões com que os soldados lhe homenageavam as nádegas atlânticas, difíceis, aliás, de discernir numa mulher aparentada a um imenso glúteo rolante em que mesmo as bochechas possuíam qualquer coisa de anal e o nariz se aparentava a inchaço incómodo de hemorroida, café para refrescos inocentes nas tão compridas tardes de domingo, e onde pela primeira vez o tenente, confidencial, abriu a carteira para me mostrar a fotografia da criada, e revelou, recostando-se para trás no assento de ferro por de mais exíguo para as suas omoplatas enormes, o produto sintético das meditações de uma vida:
- Sopeira em que o patrão não se ponha nunca chega a criar amor à casa

In Os cus de Judas - António Lobo Antunes

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Provérbio citado (AMADO)

« (...) O Coronel não precisava de nada no Rio? De algum empenho junto a algum político importante? Se precisasse era só dizer. Ele estava ali para servir aos amigos e, se bem tivesse conhecido o coronel fazia pouco, tinha simpatizado imensamente com ele, seria feliz de servi-lo. O coronel não precisava de nada no Rio, mas ficou muito agradecido e como Maneca Dantas ia passando, pesadão e gorducho, a camisa suada e as mãos pegajosas, ele o chamou e fez as apresentações:
- Aqui é o coronel Maneca Dantas, fazendeiro forte lá da zona... Dinheiro em casa dele é mesmo que mato...
(...)»

In Terras do sem fim - Jorge Amado