A vizinha da frente era boa todos os dias. Loura, diáfana. Expressão seráfica. Sempre muito bem arranjada, da ponta da unha ao fio de cabelo. Vestida para seduzir, com rendas, cabedais, decotes pronunciados. Era casada. Saíam de manhã juntos, ela e o marido, ele também muito bem vestido, fato sem uma ruga, cabelo aparado e barba escanhoada.
O Rui vivia na porta em frente. Não sabia explicar porquê, mas havia qualquer coisa naquele casal que lhe soprava que não teriam uma vida sexual satisfatória. O Rui tinha sonhos com a vizinha pedindo-lhe que a despenteasse, a descompusesse, a tirasse do sério sem contemplações. Alguma vez, quando se encontravam no patamar, julgava ter visto nela um olhar sequioso. Mas o marido sempre por perto e o Rui não queria arriscar má vizinhança.
- Santos de ao pé da porta não fazem milagres
quarta-feira, 1 de novembro de 2017
Provérbio vizinho
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