Provérbios Provados noutras casas:

domingo, 29 de outubro de 2017

Provérbio provado do amor mal explicado

- Ó vó, o que é tipo o amor?
- Ó minha querida, desta vez nem te corrijo: o amor é mesmo tipo! É um género de coisa, um como se fosse, todos dele falam, mil definições, mas lá no fundo ninguém o sabe explicar, só sentir e partilhar. É cantado, versejado, dissecado... E todos o querem ver à lupa, subir às nuvens por ele. Mas lá no fundo só se conhece por comparação. É quando tu perguntas ao passado que sabes se desta vez é amor, porque nunca sentiste isto antes!
- Avó, mas como é que eu vou saber se é, se nunca o encontrei? Não me estás a ajudar nada, só me estás a baralhar mais!
- Na tua idade, Sofia, é normal não saber... Não tenhas pressa de lhe chamar nomes; nasce no coração, não na boca. Gostas desse mocinho da tua turma? Pois bem, gosta dele e pronto! Não tem de ser o amor da tua vida. Aliás, não o é, quase de certeza. Hás-de conhecer outros mocinhos. Um dia verás que o amor verdadeiro permanece, não envelhece. Não vês como éramos eu e o teu avô?
- Ó vó, não lhe chames mocinho, nem me chames a mim miúda que já tenho quinze anos! Não percebes que ele é muito importante para mim?
- Percebo melhor do que tu julgas, também já tive quinze anos. E se queres que te trate como uma mocinha crescidinha, vamos lá chamar os bois pelos nomes, Sofia. O que tu queres saber é se deves ir ou não para a cama com ele, não é? E enches a boca com o amor para te justificares, é a desculpa que te dás para o fazeres. Então, queres a minha opinião? Pois desaconselho! Não confundas curiosidade e desejo com amor. E sabes bem que não sou púdica, não é por isso! Mas tens tempo. E também sabes que não sou machista ao ponto de achar que o mocinho é um malandro e que tu deves guardar a tua virgindade a sete chaves... Ainda não é altura, querida, quando chegar saberás, vais ver.
- Olha, vó, obrigada, foi bom falar contigo, és uma mulher moderna! Mas, sabes, continuo baralhada... Gosto tanto dele!
- Não te posso dizer mais nada, Sofia. Não te sei dizer mais nada.

- Quando o coxo de amores morre, que fará quem anda e pode?

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