Mais alto e mais além
Pede a mão do poeta
Mesmo sem ter um vintém
Pra mandar cantar o cegueta
No fundo é pobre coitado
Come as cascas do tremoço
E só não anda definhado
Porque a mãe lhe dá o almoço
As roupas que ele veste
Foi preço que negociou
Numa feira do Oeste
Plo menos não as roubou
Tem sempre aquele ar
Tão único e descuidado
As meias não andam em par
E está podre o seu calçado
O dedo grande do pé
Espreita o sol lá de fora
E cheira tanto a chulé
Que os demais vão embora
Tem pinta de cientista
Detendo um canudo falso
Ou pode parecer um turista
Daqueles de pé-descalço
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