Não quero ser do Restelo
Velho amargo sem cabelo
Mas observo a juventude
E fico pasma com a atitude
Modernice não é coisa bera
Mas a tradição já não é o que era
Tudo se obtém de bandeja
Sem suor nem o que quer que seja
sábado, 29 de junho de 2019
Provérbio provado rimado - DXCI
Não andes sempre a repetir
O que fizeste no passado
Arrisca e procura descobrir
Não dá erva o chão pisado
O que fizeste no passado
Arrisca e procura descobrir
Não dá erva o chão pisado
sexta-feira, 28 de junho de 2019
Provérbio provado rimado - DXC
Há um sinal ortográfico
Por que tenho antipatia
Sei que é assaz bibliográfico
Mas é cá uma mania minha
Dele fujo constantemente
E abdico até do seu uso
É vaidoso e tão repelente
De o pôr nas frases recuso
São as aspas essas irritantes
Que indicam as citações
São vistosas e também pedantes
No texto são atribulações
Os diálogos elas assinalam
Mas creio-as desnecessárias
Pois quando as personagens falam
As aspas são enfim secundárias
Não é preciso que lá estejam
Para que o sentido se entenda
As aspas no discurso sobejam
Não me dêem qualquer reprimenda
Estão presentes numa expressão
Que designa uma concordância
Ou também uma repetição
Dum assunto que tem importância
Há quem dessa expressão exagere
Até se coçar cheio de caspas
E tal como esta rima sugere
É a conhecida idem aspas
Por que tenho antipatia
Sei que é assaz bibliográfico
Mas é cá uma mania minha
Dele fujo constantemente
E abdico até do seu uso
É vaidoso e tão repelente
De o pôr nas frases recuso
São as aspas essas irritantes
Que indicam as citações
São vistosas e também pedantes
No texto são atribulações
Os diálogos elas assinalam
Mas creio-as desnecessárias
Pois quando as personagens falam
As aspas são enfim secundárias
Não é preciso que lá estejam
Para que o sentido se entenda
As aspas no discurso sobejam
Não me dêem qualquer reprimenda
Estão presentes numa expressão
Que designa uma concordância
Ou também uma repetição
Dum assunto que tem importância
Há quem dessa expressão exagere
Até se coçar cheio de caspas
E tal como esta rima sugere
É a conhecida idem aspas
Provérbio provado rimado - DLXXXIX
Lembra-te de ser previdente
E dos factos da vida presente
Planeia os passos que dás
Com cuidado que tu és capaz
Espera com calma na fila
Se a vida for coisa tranquila
Terás certo o teu lugar
A fortuna irás conjugar
Se no entanto se anteceder
O que pretendias fazer
Sossega e bem fundo inspira
À tona dos factos respira
Nem sempre irás conseguir
Poderás porém te afligir
Já que cessa assim a prudência
Quando falta a paciência
E dos factos da vida presente
Planeia os passos que dás
Com cuidado que tu és capaz
Espera com calma na fila
Se a vida for coisa tranquila
Terás certo o teu lugar
A fortuna irás conjugar
Se no entanto se anteceder
O que pretendias fazer
Sossega e bem fundo inspira
À tona dos factos respira
Nem sempre irás conseguir
Poderás porém te afligir
Já que cessa assim a prudência
Quando falta a paciência
Provérbio provado rimado - DLXXXVIII
O Luís é um bicho do mato
Muito esquivo e anti social
Sobrevive no anonimato
Crê que a sua atitude é normal
Cada vez que há reunião
Uma jantarada ou festa
O Luís tem a opinião
De que é uma coisa funesta
Não gosta de sair do ninho
É solitária criatura
Fica sempre no seu cantinho
Que não é amistoso ele jura
Muito esquivo e anti social
Sobrevive no anonimato
Crê que a sua atitude é normal
Cada vez que há reunião
Uma jantarada ou festa
O Luís tem a opinião
De que é uma coisa funesta
Não gosta de sair do ninho
É solitária criatura
Fica sempre no seu cantinho
Que não é amistoso ele jura
Provérbio provado rimado - DLXXXVII
Modelos e cavalos de corridas
Têm as pernas compridas
Para galgar as passarelas
E trepar por sobre as janelas
São profissões passageiras
Quase parecem brincadeiras
Mas puxam pelo corpinho
Que o diga o cavalinho
Mas que raio de comparação
Ambos são moda da estação
Servem interesses de negócio
E vaidades patetas do ócio
Quando ganham renome
Já passaram imensa fome
Após criarem a fama
Já se podem deitar na cama
Um dia de qualquer maneira
São postos na prateleira
E para sempre são esquecidos
Foram heróis arrefecidos
Têm as pernas compridas
Para galgar as passarelas
E trepar por sobre as janelas
São profissões passageiras
Quase parecem brincadeiras
Mas puxam pelo corpinho
Que o diga o cavalinho
Mas que raio de comparação
Ambos são moda da estação
Servem interesses de negócio
E vaidades patetas do ócio
Quando ganham renome
Já passaram imensa fome
Após criarem a fama
Já se podem deitar na cama
Um dia de qualquer maneira
São postos na prateleira
E para sempre são esquecidos
Foram heróis arrefecidos
Provérbio provado rimado - DLXXXVI
Maria estás cheia de apetite
Não te preocupes com a celulite
Tens a barriga a dar horas
Já não perdes pelas demoras
Vai directa comer a sopinha
O bife grelhado e a saladinha
E já no fim para terminar
Um bom gelado vais enfardar
Não te preocupes com a celulite
Tens a barriga a dar horas
Já não perdes pelas demoras
Vai directa comer a sopinha
O bife grelhado e a saladinha
E já no fim para terminar
Um bom gelado vais enfardar
Provérbio provado rimado - DLXXXV
Atirei o pau ao gato
É tão desastrada canção
Violenta com aparato
Põe o bicho em muita tensão
O pobre do bichaninho
Existe noutra expressão
Aqui há gato mansinho
Que às vezes é um tigrão
Significa que se desconfia
De determinada situação
Mas pode ser só uma mania
Desajustada reacção
É tão desastrada canção
Violenta com aparato
Põe o bicho em muita tensão
O pobre do bichaninho
Existe noutra expressão
Aqui há gato mansinho
Que às vezes é um tigrão
Significa que se desconfia
De determinada situação
Mas pode ser só uma mania
Desajustada reacção
Provérbio provado rimado - DLXXXIV
Lançar a semente lançar
Sem a terra primeiro adubar
E plantar sem nenhum cuidado
Nesse solo mal amanhado
É caminho para uma colheita
Que tem tudo para ser imperfeita
Porque cada um vai colher
O que semeou com descrer
Sem a terra primeiro adubar
E plantar sem nenhum cuidado
Nesse solo mal amanhado
É caminho para uma colheita
Que tem tudo para ser imperfeita
Porque cada um vai colher
O que semeou com descrer
Provérbio provado rimado - DLXXXIII
Eu sempre gostei de escrever
Mas nunca andei a aprender
Simplesmente muito pratico
Nenhum dia parada eu fico
Seja prosa ou poesia
De escrever eu tenho a mania
Seja séria ou com chalaça
Dou um ar da minha graça
Às vezes lá fico a olhar
Quando a rima estou a terminar
E penso que não faz sentido
Que não é nada divertido
Mas publico-a mesmo assim
Levo a coisa até ao fim
E sigo para bingo contente
O caminho é sempre em frente
Mas nunca andei a aprender
Simplesmente muito pratico
Nenhum dia parada eu fico
Seja prosa ou poesia
De escrever eu tenho a mania
Seja séria ou com chalaça
Dou um ar da minha graça
Às vezes lá fico a olhar
Quando a rima estou a terminar
E penso que não faz sentido
Que não é nada divertido
Mas publico-a mesmo assim
Levo a coisa até ao fim
E sigo para bingo contente
O caminho é sempre em frente
Provérbio provado rimado - DLXXXII
Na minha praia é Inverno
Ao sabor das marés eu vivo
Habito o meu próprio inferno
Com as tempestades convivo
Eu raramente me acalmo
O vento forte é meu companheiro
Sempre soube que um mar calmo
Nunca fez um bom marinheiro
Ao sabor das marés eu vivo
Habito o meu próprio inferno
Com as tempestades convivo
Eu raramente me acalmo
O vento forte é meu companheiro
Sempre soube que um mar calmo
Nunca fez um bom marinheiro
Provérbio provado rimado - DLXXXI
A casinha é uma maravilha
Onde convive a pandilha
É uma malta muito querida
Que trata bem a Margarida
Nunca foi preciso banir
Nunca aqui me pude afligir
Adoro todos os momentos
Sois todos bons elementos
Mas se um dia houver chatice
E se alguém fizer uma tolice
Será logo expulso de cá
Pois só faz falta quem está
Onde convive a pandilha
É uma malta muito querida
Que trata bem a Margarida
Nunca foi preciso banir
Nunca aqui me pude afligir
Adoro todos os momentos
Sois todos bons elementos
Mas se um dia houver chatice
E se alguém fizer uma tolice
Será logo expulso de cá
Pois só faz falta quem está
Provérbio provado rimado - DLXXX
Quando um tiro é disparado
Sem que se veja o alvo
Pode atingir algo errado
Cuidado ninguém está a salvo
Acerta em qualquer pessoa
É tentativa sem certeza
Arremesso muito à toa
Que carece de delicadeza
Hipótese que se experimenta
Resultado que não se antevém
Um disparo que quando se tenta
Pode acertar ao lado também
No fundo isso é a vida
Um enorme tiro no escuro
Uma interrogação desmedida
Uma aposta cega no futuro
Sem que se veja o alvo
Pode atingir algo errado
Cuidado ninguém está a salvo
Acerta em qualquer pessoa
É tentativa sem certeza
Arremesso muito à toa
Que carece de delicadeza
Hipótese que se experimenta
Resultado que não se antevém
Um disparo que quando se tenta
Pode acertar ao lado também
No fundo isso é a vida
Um enorme tiro no escuro
Uma interrogação desmedida
Uma aposta cega no futuro
Provérbio provado rimado - DLXXIX
O destino traçado nas estrelas
É tão misteriosa expressão
Estão lá longe não consigo vê-las
E no entanto ao alcance da mão
Elas têm mais que fazer
Que traçar o nosso destino
Já lhes basta desfalecer
Depois do raiar matutino
Será que quando nascemos
Já temos o caminho traçado?
E o tanto que aprendemos
Só faz parte do passado?
Tantas vezes desconfiamos
Que não há destino nenhum
Mas noutras nos deparamos
Que é para o que nasce cada um
É tão misteriosa expressão
Estão lá longe não consigo vê-las
E no entanto ao alcance da mão
Elas têm mais que fazer
Que traçar o nosso destino
Já lhes basta desfalecer
Depois do raiar matutino
Será que quando nascemos
Já temos o caminho traçado?
E o tanto que aprendemos
Só faz parte do passado?
Tantas vezes desconfiamos
Que não há destino nenhum
Mas noutras nos deparamos
Que é para o que nasce cada um
Provérbio provado rimado - DLXXVIII
Livra-te do que não precisas
Se tens rotas as camisas
Ou tens amigo que não presta
Banco que nada te empresta
Na gaveta faca que não corta
Que se percam pouco importa
Vão para o lixo sem misericórdia
É lá o lugar da mixórdia
Se tens rotas as camisas
Ou tens amigo que não presta
Banco que nada te empresta
Na gaveta faca que não corta
Que se percam pouco importa
Vão para o lixo sem misericórdia
É lá o lugar da mixórdia
Provérbio provado rimado - DLXXVII
Com os ordenados de merda
Que neste país proliferam
A meio do mês já há perda
As casas de penhores prosperam
As rendas ainda por cima
Atingiram bárbaros limites
E qualquer um se lastima
Tem de negar todos os convites
Não se vive só se sobrevive
Isto assim é uma grande treta
A remar para trás inclusive
Meus amigos a coisa está preta
Que neste país proliferam
A meio do mês já há perda
As casas de penhores prosperam
As rendas ainda por cima
Atingiram bárbaros limites
E qualquer um se lastima
Tem de negar todos os convites
Não se vive só se sobrevive
Isto assim é uma grande treta
A remar para trás inclusive
Meus amigos a coisa está preta
Provérbio provado rimado - DLXXVI
Eu cá uso palavras caras
Que não são assim tão raras
Gosto de a língua dobrar
Não custa nada variar
Que a nossa língua portuguesa
É tão rica com toda a certeza
É preciso tirar-lhe o pó
Arejá-la não a deixar só
Se dou erros e me corrigem
Não percebo porque se afligem
Gosto de estar sempre a aprender
Se os ouço não me vou conter
Às vezes chamam-me chata
Acusam-me de ter muita lata
Por me armar em professora
Muito atenta e castradora
Mas também é uma vantagem
Não deixar ninguém à margem
Gosto muito de dar uma mão
E faço-o com satisfação
Que não são assim tão raras
Gosto de a língua dobrar
Não custa nada variar
Que a nossa língua portuguesa
É tão rica com toda a certeza
É preciso tirar-lhe o pó
Arejá-la não a deixar só
Se dou erros e me corrigem
Não percebo porque se afligem
Gosto de estar sempre a aprender
Se os ouço não me vou conter
Às vezes chamam-me chata
Acusam-me de ter muita lata
Por me armar em professora
Muito atenta e castradora
Mas também é uma vantagem
Não deixar ninguém à margem
Gosto muito de dar uma mão
E faço-o com satisfação
Provérbio provado desconversado
O Anacleto falava sozinho. Mal ouvia um tema que lhe despertava interesse havia como que uma mola que lhe disparava no cérebro e só parava no Samouco. Nem sequer reparava se o interlocutor estava a prestar atenção nem tão pouco se preocupava se este tinha algo a dizer sobre o assunto em questão: aí ia ele a mil à hora em verborreia vertiginosa. O pior era que o que dizia nem sequer era o resultado de uma maturada reflexão. Não, senhor!; o discurso do Anacleto era polvilhado de um misto de puro absurdo e disparate pegado e quem tivesse a infinita paciência de o escutar horas a fio não aprendia absolutamente nada.
Por isso ficou tão admirado quando um dia o Eugénio, já fartinho de o ouvir discorrer sobre o sexo dos anjos ateus que se abstêm nos referendos, se virou para ele de repente e lhe disse:
- Sabes, Anacleto; não sabes, é claro, senão já me tinhas perguntado se sequer acredito em anjos, homem!... Sabes que
- Bem dizer e bem ouvir é a arte de conversar
Por isso ficou tão admirado quando um dia o Eugénio, já fartinho de o ouvir discorrer sobre o sexo dos anjos ateus que se abstêm nos referendos, se virou para ele de repente e lhe disse:
- Sabes, Anacleto; não sabes, é claro, senão já me tinhas perguntado se sequer acredito em anjos, homem!... Sabes que
- Bem dizer e bem ouvir é a arte de conversar
Provérbio provado rimado - DLXXV
Quando a ovelha berra
Está distraída da terra
Assim perde o seu bocado
P'las outras é abocanhado
Nos humanos também é igual
Falar menos é essencial
Enquanto faladura botam
Perdem muito e nem notam
Está distraída da terra
Assim perde o seu bocado
P'las outras é abocanhado
Nos humanos também é igual
Falar menos é essencial
Enquanto faladura botam
Perdem muito e nem notam
Provérbio provado rimado - DLXXIV
Não venhas meter o bedelho
Pois não te pedi um conselho
Mete lá no saco a viola
Não preciso da tua esmola
Não gosto de intromissões
Muito menos de discussões
Por isso tem lá paciência
Deixa-me com a minha essência
Pois não te pedi um conselho
Mete lá no saco a viola
Não preciso da tua esmola
Não gosto de intromissões
Muito menos de discussões
Por isso tem lá paciência
Deixa-me com a minha essência
Provérbio provado rimado - DLXXIII
Sou uma jóia de rapariga
Tenho muitos predicados
Dos outros sou boa amiga
Não falemos dos pecados
Procuro sempre aproveitar
Mas é difícil por vezes
O que a vida tem para dar
As sortes e os revezes
Ofereço largos sorrisos
Vibro com as alegrias
Opto pelos improvisos
Pois esta vida são dois dias
Tenho muitos predicados
Dos outros sou boa amiga
Não falemos dos pecados
Procuro sempre aproveitar
Mas é difícil por vezes
O que a vida tem para dar
As sortes e os revezes
Ofereço largos sorrisos
Vibro com as alegrias
Opto pelos improvisos
Pois esta vida são dois dias
quinta-feira, 27 de junho de 2019
Provérbio provado rimado - DLXXII
A nossa linda língua mãe
Em diminutivos é rica
Acrescenta-se um inho também
Sempre que a palavra não fica
Tão bonita na sua forma
Como no dicionário vem ela
E mais mimosa se transforma
Torna-se de certeza mais bela
O português é amistoso
Hospitaleiro e cordial
Também muito triste e saudoso
Mas simpatia é fundamental
Por isso quando ele fala
Sempre pede um cafézinho
Fala tanto que não se cala
Nunca deixa de ser tão fofinho
A língua tem tanto valor
Ensina o nosso lugar
Recebamos o interlocutor
No nosso lar doce lar
Em diminutivos é rica
Acrescenta-se um inho também
Sempre que a palavra não fica
Tão bonita na sua forma
Como no dicionário vem ela
E mais mimosa se transforma
Torna-se de certeza mais bela
O português é amistoso
Hospitaleiro e cordial
Também muito triste e saudoso
Mas simpatia é fundamental
Por isso quando ele fala
Sempre pede um cafézinho
Fala tanto que não se cala
Nunca deixa de ser tão fofinho
A língua tem tanto valor
Ensina o nosso lugar
Recebamos o interlocutor
No nosso lar doce lar
Provérbio provado rimado - DLXXI
Será que o pequeno Bernardo
Costuma comprar fiado?
Vai às compras constantemente
E hoje não vai ser diferente
O Bernardo é bem mandado
Quando vai ao supermercado
Às vezes leva uma lista
Que ele não é egoísta
Costuma comprar fiado?
Vai às compras constantemente
E hoje não vai ser diferente
O Bernardo é bem mandado
Quando vai ao supermercado
Às vezes leva uma lista
Que ele não é egoísta
Provérbio provado rimado - DLXX
O Belchior é um garoto
Que tem um problema no escroto
Ele não tem vida sexual
O que nessa doença é normal
Os médicos não atinam
Quando o escroto escrutinam
Qual a origem da maleita
Que a tanto mal o sujeita
O Belchior é um modelo
Um exemplo de tal flagelo
Estudo de caso apresentado
E em conferências citado
Infelizmente não melhora
Tem dores a toda a hora
Pobrezinho do Belchior
Que está cada vez pior
Que tem um problema no escroto
Ele não tem vida sexual
O que nessa doença é normal
Os médicos não atinam
Quando o escroto escrutinam
Qual a origem da maleita
Que a tanto mal o sujeita
O Belchior é um modelo
Um exemplo de tal flagelo
Estudo de caso apresentado
E em conferências citado
Infelizmente não melhora
Tem dores a toda a hora
Pobrezinho do Belchior
Que está cada vez pior
Provérbio provado rimado - DLXIX
Apresento-vos a Celestina
Que é muito boa menina
Mas é um bocado obtusa
Porque obstinada e confusa
A Celestina é teimosa
Chata e muito orgulhosa
Costuma às vezes dizer
Dessa água não hei-de beber
Se a pudesse aconselhar
Haveria de a acalmar
Dizer-lhe não faças promessas
Pelo menos não faças dessas
Pois Celestina o futuro
Às vezes tem um rumo duro
E é desagradável espelunca
Por isso nunca digas nunca
Que é muito boa menina
Mas é um bocado obtusa
Porque obstinada e confusa
A Celestina é teimosa
Chata e muito orgulhosa
Costuma às vezes dizer
Dessa água não hei-de beber
Se a pudesse aconselhar
Haveria de a acalmar
Dizer-lhe não faças promessas
Pelo menos não faças dessas
Pois Celestina o futuro
Às vezes tem um rumo duro
E é desagradável espelunca
Por isso nunca digas nunca
Provérbio provado rimado - DLXVIII
O Francisco é um passarão
Bem parecido e engravatado
Muito loquaz e sabichão
Nas letras e leis encartado
A sua expressão é grave
É rico o seu cantinho
Que conforme o aspecto da ave
Assim lhe corresponde o ninho
Se um dia bater a asa
E deixar contas por pagar
Batam-lhe à porta de casa
E só vão encontrar ar
Bem parecido e engravatado
Muito loquaz e sabichão
Nas letras e leis encartado
A sua expressão é grave
É rico o seu cantinho
Que conforme o aspecto da ave
Assim lhe corresponde o ninho
Se um dia bater a asa
E deixar contas por pagar
Batam-lhe à porta de casa
E só vão encontrar ar
Provérbio provado rimado - DLXVI
Dum útero tu nasceste
E na sua sombra cresceste
Mas vais perecer qualquer dia
Do adeus terás melodia
Tu não sabes como será
Quando já não andares cá
Há mil modos de morrer
Mas só há um de nascer
E na sua sombra cresceste
Mas vais perecer qualquer dia
Do adeus terás melodia
Tu não sabes como será
Quando já não andares cá
Há mil modos de morrer
Mas só há um de nascer
terça-feira, 25 de junho de 2019
Provérbio provado num verso branco - LIII
No passeio ninguém ia a passeio
No passeio chovia um rio cinzento
No passeio corria um espelho nu
No passeio havia uma mão escondida
Uma mão que tiritava em silêncio
Com vergonha de se estender ao passeio
Havia uma barriga a dar horas
Sem memória da última refeição
Que não via passar quem comeu
Ninguém ia a passeio porque chovia
A mão escondida então pendeu
O relógio da barriga então parou
E a vergonha morreu de fome
No passeio chovia um rio cinzento
No passeio corria um espelho nu
No passeio havia uma mão escondida
Uma mão que tiritava em silêncio
Com vergonha de se estender ao passeio
Havia uma barriga a dar horas
Sem memória da última refeição
Que não via passar quem comeu
Ninguém ia a passeio porque chovia
A mão escondida então pendeu
O relógio da barriga então parou
E a vergonha morreu de fome
Provérbio provado rimado - DLXV
Chamaste-me impraticável
E eu fiquei amuada
Mas olha não sou detestável
Sou boa pessoa e mais nada
Às vezes sou muito bruta
Sem filtro e sem reflexão
Falta-me ser mais astuta
Ter mais frio o coração
Não gosto quando me põem
Entre a espada e a parede
Directo me indispõem
Defendo-me logo sem rede
E eu fiquei amuada
Mas olha não sou detestável
Sou boa pessoa e mais nada
Às vezes sou muito bruta
Sem filtro e sem reflexão
Falta-me ser mais astuta
Ter mais frio o coração
Não gosto quando me põem
Entre a espada e a parede
Directo me indispõem
Defendo-me logo sem rede
Provérbio provado rimado - DLXIV
Tem projectos e ambições
Não temas os encontrões
Atira-te ao trabalho cedo
De o fazer não tenhas medo
Produz muito sem receio
Mas olha sempre ao meio
Pois nem tudo se justifica
Como a razão te explica
Em suma faz teu dia voraz
Não duvides que és capaz
Sê forte mas sê correcto
Aceita que te lance este repto
Mas mantém a despensa cheia
Já que às vezes a vida é feia
Guarda sempre o que comer
Só não guardes o que fazer
Não temas os encontrões
Atira-te ao trabalho cedo
De o fazer não tenhas medo
Produz muito sem receio
Mas olha sempre ao meio
Pois nem tudo se justifica
Como a razão te explica
Em suma faz teu dia voraz
Não duvides que és capaz
Sê forte mas sê correcto
Aceita que te lance este repto
Mas mantém a despensa cheia
Já que às vezes a vida é feia
Guarda sempre o que comer
Só não guardes o que fazer
domingo, 23 de junho de 2019
Provérbio provado rimado - DLXIII
O silêncio é sabedoria
Das palavras uma poupança
Falar muito uma mania
De quem faz das ideias a dança
Andam na cabeça a bailar
As ideias ao empurrão
Tantas vezes a atropelar
Outras vezes em contramão
Observa o mais que puderes
Pois assim irás aprender
E cala-te quando comeres
É a melhor forma de fazer
Cada coisa na sua altura
Já que quem come calado
Mantém uma sóbria postura
E assim não perde bocado
Das palavras uma poupança
Falar muito uma mania
De quem faz das ideias a dança
Andam na cabeça a bailar
As ideias ao empurrão
Tantas vezes a atropelar
Outras vezes em contramão
Observa o mais que puderes
Pois assim irás aprender
E cala-te quando comeres
É a melhor forma de fazer
Cada coisa na sua altura
Já que quem come calado
Mantém uma sóbria postura
E assim não perde bocado
Provérbio provado rimado - DLXII
Para cima e para baixo
Numa evolução constante
Desde que não sejas capacho
Te penses sempre importante
E desejes sempre crescer
As circunstâncias não te iludam
Já que quando é para descer
Todos os santos te ajudam
Numa evolução constante
Desde que não sejas capacho
Te penses sempre importante
E desejes sempre crescer
As circunstâncias não te iludam
Já que quando é para descer
Todos os santos te ajudam
Provérbio provado rimado - DLXI
A Cila é a minha madrinha
Desde que foi o meu baptizado
E além de ser prima minha
Tem estado sempre ao meu lado
Às vezes estamos mais distantes
Mas a ligação não perdemos
É a vida e as condicionantes
Prioridades que estabelecemos
Quando enfim nos reunimos
O tempo como que não passou
Umas vezes choramos outras rimos
Falamos de quem foi e ficou
É pessoa de quem gosto tanto
E tem sempre um conselho bom
Mesmo quando reajo com espanto
Quando eu estou fora do tom
Ensina-me a saber esperar
A ter calma como convém
Se a vida não está a ajudar
Que há males que vêm por bem
Desde que foi o meu baptizado
E além de ser prima minha
Tem estado sempre ao meu lado
Às vezes estamos mais distantes
Mas a ligação não perdemos
É a vida e as condicionantes
Prioridades que estabelecemos
Quando enfim nos reunimos
O tempo como que não passou
Umas vezes choramos outras rimos
Falamos de quem foi e ficou
É pessoa de quem gosto tanto
E tem sempre um conselho bom
Mesmo quando reajo com espanto
Quando eu estou fora do tom
Ensina-me a saber esperar
A ter calma como convém
Se a vida não está a ajudar
Que há males que vêm por bem
Provérbio provado rimado - DLX
Namorado muito ciumento
É igual à besta muar
Por mais que se prove um evento
Sempre uns coices hão-de dar
Tudo lhe cheira a esturro
Da verdade nada é abono
Por isso albarda-se o burro
Ao que for a vontade do dono
Que o ciúme e a teimosia
Dúvida constante e gratuita
Insistem na aleivosia
Na desconfiança fortuita
É dar razão ao burrito
E até aumentar a parada
Pode ser que afinal o dito
Perceba que não vale nada
Que não há razão na tortura
Psicológica que inflige
E desista enfim da postura
E da rigidez que exige
É igual à besta muar
Por mais que se prove um evento
Sempre uns coices hão-de dar
Tudo lhe cheira a esturro
Da verdade nada é abono
Por isso albarda-se o burro
Ao que for a vontade do dono
Que o ciúme e a teimosia
Dúvida constante e gratuita
Insistem na aleivosia
Na desconfiança fortuita
É dar razão ao burrito
E até aumentar a parada
Pode ser que afinal o dito
Perceba que não vale nada
Que não há razão na tortura
Psicológica que inflige
E desista enfim da postura
E da rigidez que exige
sábado, 22 de junho de 2019
Provérbio provado rimado - DLIX
Foi assim que a Alemanha
Se diz que perdeu a guerra
É assim que se arreganha
Quem em si esse fetiche encerra
É um pouco fora da caixa
Pensar o que o provérbio oferece
Já que a quem muito se abaixa
Logo o rabo lhe aparece
Afinal o que quer prevenir
É a auto humilhação
Não é a bainha a subir
Mas sim o nariz junto ao chão
Haja um pouco de dignidade
E se estime o próprio ser
Não se mostre sequer nem metade
Que o rabo é para esconder
Não se lambam cus nem botas
Nem se vergue a espinha dorsal
Isto é tema de anedotas
Mas firmeza é fundamental
Se diz que perdeu a guerra
É assim que se arreganha
Quem em si esse fetiche encerra
É um pouco fora da caixa
Pensar o que o provérbio oferece
Já que a quem muito se abaixa
Logo o rabo lhe aparece
Afinal o que quer prevenir
É a auto humilhação
Não é a bainha a subir
Mas sim o nariz junto ao chão
Haja um pouco de dignidade
E se estime o próprio ser
Não se mostre sequer nem metade
Que o rabo é para esconder
Não se lambam cus nem botas
Nem se vergue a espinha dorsal
Isto é tema de anedotas
Mas firmeza é fundamental
Provérbio provado rimado - DLVIII
Se te pões a miar ao gato
Ou até a ladrar ao cão
Se dizes que ande ao sapato
Ai senhor tantas tolices são
Se para a rima te falta assunto
Mas na almofada não sossegas
Matas mais do que está o defunto
Cantas cantas mas não me alegras
Vá lá pousa lá a caneta
E acaba com a cantilena
A tua conversa é da treta
Chegas até a dar pena
Tão cromo como tu nunca vi
Mesmo que nas trombas to esfreguem
Mas ao menos ris-te de ti
Que é o que muitos não conseguem
Ou até a ladrar ao cão
Se dizes que ande ao sapato
Ai senhor tantas tolices são
Se para a rima te falta assunto
Mas na almofada não sossegas
Matas mais do que está o defunto
Cantas cantas mas não me alegras
Vá lá pousa lá a caneta
E acaba com a cantilena
A tua conversa é da treta
Chegas até a dar pena
Tão cromo como tu nunca vi
Mesmo que nas trombas to esfreguem
Mas ao menos ris-te de ti
Que é o que muitos não conseguem
Provérbio provado rimado - DLVII
Se procurares no dicionário
Com afinco como deve ser
Uma expressão que não encontras
É o vazio verbo de encher
É uma pessoa sem préstimo
Ou uma coisa desnecessária
Que só serve para fazer número
Para encher mal uma área
Conheço muitos verbos desses
Que abundam em tanto trabalho
E não laboram só fingem
São espertos que nem um alho
Com afinco como deve ser
Uma expressão que não encontras
É o vazio verbo de encher
É uma pessoa sem préstimo
Ou uma coisa desnecessária
Que só serve para fazer número
Para encher mal uma área
Conheço muitos verbos desses
Que abundam em tanto trabalho
E não laboram só fingem
São espertos que nem um alho
Provérbio provado perguntado
Os anos que levo desta vida fugaz fazem-me responder cada vez mais verdadeiramente quando questionada. Por isso, não esperem um sorriso amarelo quando me perguntam Está tudo bem?, se não aguentam a verdade...
- Conforme a pergunta, assim a resposta
- Conforme a pergunta, assim a resposta
Provérbio provado rimado - DLVI
Escuta-me com atenção
E se puderes redobrada
Já que a minha opinião
É tão boa e fundamentada
Dar bitaites e conselhos
É muito fácil postura
E mostrar sinais vermelhos
A quem ainda me atura
Porque bom exemplo dar
É difícil comportamento
Toda a gente sabe opinar
Para onde sopra o vento
Não contemples as minhas acções
Que elas o que digo não espelham
Escuta antes as opiniões
Que com os mestres emparelham
Por isso se és meu amigo
E me guardas um abraço
Olha só para o que te digo
Não olhes para o que eu faço
E se puderes redobrada
Já que a minha opinião
É tão boa e fundamentada
Dar bitaites e conselhos
É muito fácil postura
E mostrar sinais vermelhos
A quem ainda me atura
Porque bom exemplo dar
É difícil comportamento
Toda a gente sabe opinar
Para onde sopra o vento
Não contemples as minhas acções
Que elas o que digo não espelham
Escuta antes as opiniões
Que com os mestres emparelham
Por isso se és meu amigo
E me guardas um abraço
Olha só para o que te digo
Não olhes para o que eu faço
sexta-feira, 21 de junho de 2019
Provérbio provado rimado - DLV
Quem muito saber procura
E quer aumentar a cultura
Aconselho a estar muito atento
A todo o tipo de conhecimento
Pode não parecer importante
Ou talvez pouco interessante
Mas todo o saber é cultivo
Que o cérebro é um arquivo
Por isso treina a cabeça
Para que essa ciência apareça
E pesquisa o mais que puderes
Todo o tipo de saberes
Pois quem procura sempre acha
Se não é um prego é uma tacha
Grão a grão lá aumentarás
Como ser humano prosperarás
E quer aumentar a cultura
Aconselho a estar muito atento
A todo o tipo de conhecimento
Pode não parecer importante
Ou talvez pouco interessante
Mas todo o saber é cultivo
Que o cérebro é um arquivo
Por isso treina a cabeça
Para que essa ciência apareça
E pesquisa o mais que puderes
Todo o tipo de saberes
Pois quem procura sempre acha
Se não é um prego é uma tacha
Grão a grão lá aumentarás
Como ser humano prosperarás
Provérbio provado rimado - DLIV
Foi na primeira comunhão
Que a madrinha do João
Juntamente com a catequista
Num gesto talvez repentista
À confissão o levaram
Até quase o empurraram
Como quem ao dentista vai
E nem pode soltar um ai
O João lá se ajoelhou
E ao padre se confessou
Para a hóstia poder comungar
No tal dia em frente ao altar
Mas a madrinha não sabia
Que o João lá tinha fobia
De confessionários com trancas
De missais e batinas brancas
Por isso inventou uns pecados
E uns actos mal amanhados
No fim as orações rezou
E da confissão se livrou
A catequista tão orgulhosa
Já da comunhão desejosa
Não sabe que confissão forçada
Acaba por não valer nada
Que a madrinha do João
Juntamente com a catequista
Num gesto talvez repentista
À confissão o levaram
Até quase o empurraram
Como quem ao dentista vai
E nem pode soltar um ai
O João lá se ajoelhou
E ao padre se confessou
Para a hóstia poder comungar
No tal dia em frente ao altar
Mas a madrinha não sabia
Que o João lá tinha fobia
De confessionários com trancas
De missais e batinas brancas
Por isso inventou uns pecados
E uns actos mal amanhados
No fim as orações rezou
E da confissão se livrou
A catequista tão orgulhosa
Já da comunhão desejosa
Não sabe que confissão forçada
Acaba por não valer nada
quinta-feira, 20 de junho de 2019
Provérbio provado rimado - DLIII
Quando me estão a aborrecer
E eu só me queria entreter
Digo vou ali e já venho
Vou mesmo e não me contenho
E eu só me queria entreter
Digo vou ali e já venho
Vou mesmo e não me contenho
sábado, 15 de junho de 2019
Provérbio provado rimado - DLII
Quando chega finalmente o Estio
Que do tempo quente se reveste
Vê-se que Deus dá o frio
Conforme a roupa que se veste
Já no Inverno é bem diferente
Deus dá frio e dá também vento
Veste-se roupa muito quente
E a lareira é normal pensamento
Que do tempo quente se reveste
Vê-se que Deus dá o frio
Conforme a roupa que se veste
Já no Inverno é bem diferente
Deus dá frio e dá também vento
Veste-se roupa muito quente
E a lareira é normal pensamento
quinta-feira, 13 de junho de 2019
Provérbio provado rimado - DLII
Queres sauna e banho de vapor?
Sobe dez andares sem elevador
Faz músculo na barriga das pernas
E ao menos com o ginásio alternas
Queres tornar-te um peso pesado?
Carrega os sacos do supermercado
Faz músculo que se nota no braço
E à noite estás doido de cansaço
Queres cuidar do teu intelecto?
Nas leituras sê bem mais selecto
Faz escolhas de forma consciente
E com um pensamento abrangente
Queres tornar-te melhor pessoa?
Mas pelas mãos a vida se escoa
Faz escolhas com ponto de interrogação
E questiona a tua insatisfação
Se tens todo e tanto ideal
Não pares até ser normal
Dedica-te com todo o afã
Como se não houvesse amanhã
É verdade que o tempo urge
E a ceifeira entretanto surge
Vamos todos bonitos e feios
Morrer sós apesar dos meios
Sobe dez andares sem elevador
Faz músculo na barriga das pernas
E ao menos com o ginásio alternas
Queres tornar-te um peso pesado?
Carrega os sacos do supermercado
Faz músculo que se nota no braço
E à noite estás doido de cansaço
Queres cuidar do teu intelecto?
Nas leituras sê bem mais selecto
Faz escolhas de forma consciente
E com um pensamento abrangente
Queres tornar-te melhor pessoa?
Mas pelas mãos a vida se escoa
Faz escolhas com ponto de interrogação
E questiona a tua insatisfação
Se tens todo e tanto ideal
Não pares até ser normal
Dedica-te com todo o afã
Como se não houvesse amanhã
É verdade que o tempo urge
E a ceifeira entretanto surge
Vamos todos bonitos e feios
Morrer sós apesar dos meios
Provérbios provados seleccionados - IX
Neste blog temático pode observar-se sempre a mesma estrutura: primeiro o texto, o provérbio no fim - isto no caso da prosa, pois depois comecei a alinhavar umas rimas imperfeitas e até já faço uma perninha no verso branco armada em poeta séria. No caso da prosa, o provérbio aparece só no fim de propósito: pretende-se que os leitores descubram com surpresa qual é o ditado-desfecho-moral da história.
Nesta compilação que fiz procedi de forma inversa: apresento o provérbio final com o link para a respectiva ficção. Segue então uma selecção das histórias em depósito dos provérbios mais populares de entre os provérbios populares:
sábado, 8 de junho de 2019
Provérbio provado num verso branco - LII
Bem sei o que te repetem a toda a hora
Mas não cedas nem um milímetro
Jura fidelidade ao tu que és tu
Não mudes o tom nem baixes o volume
Quem fia fininho nunca grita a insatisfação
Não assines em branco nas páginas da lógica
Que a razão dos demais pode bem ser legítima porém não é a tua
Não prepares a tua alma para condizer com a moda
Veste-a de cores berrantes ou de luto conforme a tua disposição
Segue sem lástima as tuas fixações mais violentas
Trilha os caminhos inconvencionais
Não faz mal quantas portas se te fecharem na cara
Algures abrir-se-á uma janela
Mas não cedas nem um milímetro
Jura fidelidade ao tu que és tu
Não mudes o tom nem baixes o volume
Quem fia fininho nunca grita a insatisfação
Não assines em branco nas páginas da lógica
Que a razão dos demais pode bem ser legítima porém não é a tua
Não prepares a tua alma para condizer com a moda
Veste-a de cores berrantes ou de luto conforme a tua disposição
Segue sem lástima as tuas fixações mais violentas
Trilha os caminhos inconvencionais
Não faz mal quantas portas se te fecharem na cara
Algures abrir-se-á uma janela
Provérbio provado rimado - DLI
Não se lembra a sogra que já foi nora
Não guarda a opinião da porta para fora
Não resiste à tentação de o bedelho meter
Na casa do filho vai-se intrometer
A mulher do filho sente-se vexada
Com a sogrinha fica muito irritada
Quando ela sai diz baixinho ao marido
Não convidamos mais a tua mãe querido
Não guarda a opinião da porta para fora
Não resiste à tentação de o bedelho meter
Na casa do filho vai-se intrometer
A mulher do filho sente-se vexada
Com a sogrinha fica muito irritada
Quando ela sai diz baixinho ao marido
Não convidamos mais a tua mãe querido
Provérbio provado rimado - DL
Os martelos e rodas dentadas
Dão muitas unhas esmagadas
E o ferreiro que o diga
Já está farto dessa cantiga
Que na casa do ferreiro
O espeto é de pau por inteiro
Ele é hábil no seu labor
Mas em casa não é batedor
Dão muitas unhas esmagadas
E o ferreiro que o diga
Já está farto dessa cantiga
Que na casa do ferreiro
O espeto é de pau por inteiro
Ele é hábil no seu labor
Mas em casa não é batedor
Provérbio provado rimado - DXLIX
O Verão já está a chegar
Para podermos relaxar
Ir de férias para o Sul
É mesmo ouro sobre azul
Mas eu cá vou para Norte
Este ano é a minha sorte
Irei para ilhas espanholas
Mas não levo as castanholas
Para podermos relaxar
Ir de férias para o Sul
É mesmo ouro sobre azul
Mas eu cá vou para Norte
Este ano é a minha sorte
Irei para ilhas espanholas
Mas não levo as castanholas
sexta-feira, 7 de junho de 2019
Provérbio provado rimado - DXLVIII
Em questões de vizinhança
Parte-se sempre com esperança
Tem-se sorte ou tem-se azar
Que os vizinhos dão que contar
A boa vizinha é uma santa
Quando está frio traz a manta
E tem sempre chá e bolinhos
Para oferecer aos vizinhos
Mas pelo contrário a má
Não traz bolinhos nem chá
E até mesmo essa má vizinha
Empresta a agulha sem linha
Parte-se sempre com esperança
Tem-se sorte ou tem-se azar
Que os vizinhos dão que contar
A boa vizinha é uma santa
Quando está frio traz a manta
E tem sempre chá e bolinhos
Para oferecer aos vizinhos
Mas pelo contrário a má
Não traz bolinhos nem chá
E até mesmo essa má vizinha
Empresta a agulha sem linha
Provérbio provado rimado - DXLVII
Quando contigo teimam
E sabes que não têm razão
Até as pestanas queimam
Tudo lhes faz confusão
Percebes que não vale a pena
Comprar essa tão vã guerra
A teimosia é uma cena
Que em si vaidade encerra
Por isso não sejas nhurro
Mesmo que estejas com sono
O melhor é atares o burro
Onde te manda o dono
quinta-feira, 6 de junho de 2019
Provérbio provado rimado - DXLVI
És cá do sítio o espertalhão
Quem te ouve não te leva preso
Tens um ditote sempre à mão
És pespineto e rabiteso
Psicólogo de meia tijela
E doutor da mula russa
A tua opinião não vou nela
Nem mesmo que a vaca tussa
Por isso guarda a viola no saco
Mais as tuas conversas de café
O teu raciocínio é fraco
Sabes muito mas andas a pé
Quem te ouve não te leva preso
Tens um ditote sempre à mão
És pespineto e rabiteso
Psicólogo de meia tijela
E doutor da mula russa
A tua opinião não vou nela
Nem mesmo que a vaca tussa
Por isso guarda a viola no saco
Mais as tuas conversas de café
O teu raciocínio é fraco
Sabes muito mas andas a pé
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