Provérbios Provados noutras casas:

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Provérbio outonal

Amanhecia um céu cinzento: pintavam-no algumas nuvens, também elas cinzentas; o começo do Outono escondera as tímidas nuvens brancas que, ainda há uma semana, enchiam os olhos das crianças de rebanhos imaginários. Mais dia menos dia, haviam de colorir-se as folhas de castanho e começar a cair das árvores, primeiro lentamente, depois muitas de uma vez, atapetando os caminhos; principalmente as dos plátanos, responsáveis por tantas alergias primaveris, desfaleciam agora das copas para irem preencher os herbários das escolas. Na janela gotinhas escorriam melancolia, trazendo a vontade das carícias suaves de um casaco de malha. Era então que os armários se despiam dos tecidos bailarinos do Verão, das sandálias de tiras e dos chapéus de palha, dando lugar a cores mais escuras: tão cinzentas como o cinzento do céu e as nuvens que nessa manhã o habitavam. Restava uma esperança ténue que este Setembro fosse Março e trouxesse a promessa de uma tarde quente, mesmo se o sol envergonhado. Mas não; veio de repente um bando de aves miando, numa corrida veloz porém atrapalhada.

- Gaivotas em terra, tempestade no mar

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