Estava ali parada à minha frente, os braços encolhidos, defensivos. Os olhos pareciam opacos de tão tristes, como se naquelas lágrimas mudas me culpasse pela separação. Eu bem me queria esconder atrás dos meus mais do que sólidos argumentos, mas aquele olhar não me dava hipótese de fuga: era órfão de dúvida e sem ela queria ferir-me com o espectáculo da sua quase morte. Ainda consegui balbuciar: Só o conheci depois, nada tive que ver com o vosso afastamento... Mas os olhos dela não tiveram pena da minha falta de pena, apenas me lançaram um desprezo imenso, tão sólido que me atravessou as vértebras. Eram-lhe indiferentes quaisquer palavras: já tinha encontrado uma culpada e isso era mais fácil do que tentar perceber o desamor.
- O ciúme nasceu cego e morreu surdo
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