quinta-feira, 29 de junho de 2023
Provérbio provado rimado - MLXLVI
Provérbio provado rimado - MLXLV
Quem boa ou má cama fizer
Será nela que se deitará
Se escolher um lençol qualquer
Com as culpas no fim arcará
quarta-feira, 28 de junho de 2023
Provérbio provado rimado - MLXLIV
Quem ajuíza que a tropa
Faz de todos uns homenzinhos
Normalmente agora não topa
Que se ponham alinhadinhos
Já deixou de ser popular
Nem sequer é obrigatório
O velho serviço militar
Tornou-se um acto provisório
Mas há muitos velhos do Restelo
Saudosos de palas bater
Que lhe conferem certo zelo
Não se cansam de o defender
São senhores tão saudosistas
Da egrégia lei carunchosa
Apresentam laivos fascistas
Recordam a ordem respeitosa
É uma gente que diz
Estavam melhor na parada
Convencidos de que o país
Está entregue à bicharada
Provérbio provado rimado - MLXLIII
Quando o Sérgio joga bilhar
É a mesa que está descaída
Por não conseguir acertar
Na tacada assim pretendida
No caso do ténis de mesa
A bola está sempre furada
Não consegue que essa empresa
Não termine em grande abada
Só desculpas tenta inventar
O Sérgio repetindo absorto
É ele que não sabe dançar
Mas diz que é o chão que está torto
Provérbio provado rimado -MLXLII
Quase ao nível do divino
Crês que se eleva o teu ser
Mas és para outros pequenino
No que tens para oferecer
Pois ninguém nunca é bom juiz
Em defesa da própria ideia
É tão raro fazer como diz
De erros tem uma mão cheia
Provérbio provado rimado - MLXLII
Como o sol da noite és belo
Numa noite que é de trovões
Pões qualquer um num chinelo
Por gostares das tuas feições
Tal excesso de confiança
Parece despropositado
És assim desde criança
Achas que és de beleza dotado
De facto não tens noção
Do tamanho da fealdade
Por isso te faz confusão
Ficar na zona da amizade
Terás um interesse alheio
Porque toda a pessoa merece
E diz que quem ama o feio
Muito bonito lhe parece
Provérbio provado rimado - MLXLI
Não gostava de chefiar
Pois as pessoas são estranhas
A equipa de todo o lugar
Sempre tem suas artimanhas
Para ordenar sou sem jeito
Que é pasto para a anarquia
Era um trabalho imperfeito
Que eu faria enquanto chefia
Seria incapaz de um ralho
De pôr incompetências a nu
Se queres bem feito um trabalho
É melhor que o faças tu
Provérbio provado rimado - MLXL
Provérbio provado rimado - MLXXXIX
Provérbio provado rimado - MLXXXVIII
É um estado emocional
Que sentem os progenitores
Quando a roupa no estendal
Perde a paleta de cores
Os filhos foram estudar
Para uma terra distante
Ficou então vazio o lar
Já não entram de rompante
A casa tão silenciosa
Traz a solidão que se sente
Qual doença infecciosa
Que deixa a gente doente
Chora o pai e chora a mãe
Até chora a avó e o tio
Pois voaram para Santarém
E deixaram o ninho vazio
Provérbio provado rimado - MLXXXVII
Ouço dizer que a preguiça
É a mãe de todos os vícios
E creio que essa premissa
Potencia muitos sacrifícios
Pois se é a preguiça uma mãe
Devemos uma mãe respeitar
Escutá-la como convém
Se nos diz para descansar
Provérbio provado rimado - MLXXXVI
Provérbio provado rimado - MLXXXV
Provérbio provado rimado - MLXXXIV
Provérbio provado rimado - MLXXXIII
Não andes tão agastado
Se a vida não vai de feição
Quanto mais fores preocupado
Menos ela te presta atenção
Adquire alguma leveza
Não sofras sem necessidade
Que qualquer dia de certeza
Mudará essa realidade
O que é mau nem sempre dura
E está a bonança à espreita
Não te afundes na amargura
Por não teres uma vida perfeita
Porque todos se sentem aquém
Do que para si imaginaram
Só que nem todos porém
Tanto como tu desejaram
Se a queres no fim exibida
Aos olhos do pior inimigo
Deixa isso e goza a vida
Que não a levarás contigo
Provérbio provado rimado - MLXXXII
Quem deixa a raiva ganhar
Não sabe erguer-lhe barreiras
Está sempre a desatinar
Perde amiúde as estribeiras
Vê tudo branco num instante
E os olhos revira até
Cospe frases de rompante
Nem se percebe o que é
Fica tão roxo e vermelho
Que parece ir explodir
É surdo a qualquer conselho
Que o tente dissuadir
Até que recupere o controlo
E os estribos na mão segure
Fará figura de tolo
Enquanto essa cena dure
Provérbio provado rimado - MLXXXI
Sempre que um morto se enterra
Tem fama de ser bestial
Foi o maior lá da terra
Foi um homem fenomenal
De repente os seus pecados
Como uma nuvem que passa
Foram todos perdoados
O que não deixa de ter graça
Só teve na vida virtudes
Não houve um gesto mal feito
Louvam as suas atitudes
Não lembram um só defeito
Até que alguém da parentela
Destoando enfim do conjunto
Pede que não se gaste vela
Com tão ruim defunto
Provérbio provado rimado - MLXXX
O Chico ontem abusou
De vinho se enfrascou
E no fim para estragar
Pediu um shot no bar
Ficou ébrio e repetitivo
Com um atraso cognitivo
Caiu como um peso morto
Dizendo que o chão estava torto
O mais certo de acontecer
É o Chico tudo esquecer
Nem ficar envergonhado
Por a tosga ter apanhado
Provérbio provado rimado - MLXXIX
Quem em Junho não descansa
Enche a bolsa e farta a pança
Como eu estou a descansar
A pança não vou fartar
Provérbio provado num verso branco - CXIII
Provérbio provado rimado -MLXXVIII
Na vida a estrada continua
Mesmo se o piloto dorme
Vai em frente nessa rua
Guinando como conforme
O cinto de segurança
Não esqueças de apertar
Para o caso de uma mudança
Logo te fazer estacionar
Não temas a despistagem
Quando andas a conduzir
Desfruta bem da viagem
E de tudo o que nela surgir
A caixa de velocidades
Dominarás sem problemas
Apesar das adversidades
Do que sejam os teus dilemas
Faz por ter boa atitude
Sempre que a rota te detenha
Que é preciso que tudo mude
Para que tudo se mantenha
Provérbio provado rimado - MLXXVII
Quem me dera ser mileurista
Mas aufiro um baixo salário
Sou uma espécie de artista
Com um emprego ordinário
Dizem que devo dar graças
Por ao menos trabalho ter
Mas sou explorada caraças
Para poder sobreviver
A quantidade de conhecimento
Necessário para a minha função
Exige que seja um portento
Que preste muita atenção
Quando chego ao fim do dia
Tenho a cabeça cansada
Se quero escrever poesia
Só me sai matéria pesada
Voltei para a casa dos pais
Não consigo pagar uma renda
Como eu há tantos iguais
E outros só com uma tenda
Para quando mais dignidade
E o meu lugar no mundo
Companhia nesta cidade
Um sono que seja profundo
Esta letra para canção
É um grito de alguma revolta
É pena não ter um refrão
Ser apenas um verso à solta
Provérbio provado rimado - MLXXVI
Provérbio provado rimado - MLXXV
terça-feira, 27 de junho de 2023
Provérbio provado rimado - MLXXIV
Junta-te a boas companhias
Que não façam patifarias
Que nunca fujam sem pagar
Quando consomem num lugar
Que ponderem sempre com tino
Não blasfemem contra o destino
Não os acometa a preguiça
Não faltem ao domingo à missa
Foge sim dos amalucados
Dos estróinas e depravados
Que desconhecem a poupança
Só se prestam à desconfiança
Dão bastante desassossego
Não permitem o aconchego
E até podem cheios de malícia
Andar a fugir à polícia
É assim que dita a sociedade
Que saibas escolher a amizade
Com os bons te ajuntarás
Se quiseres viver em paz
Provérbio provado rimado - MLXXIII
Provérbio provado rimado - MLXXII
Se dá tanta saúde o trabalho
Que trabalhem então os doentes
Eu já estou feita num frangalho
E tenho outras coisas pendentes
Se me saísse o Euromilhões
Se eu sequer o jogasse
Abriria decerto os cordões
De toda a bolsa que usasse
A reforma antecipada
Pediria de imediato
Para ir viver vida airada
E não planear cada acto
Sem ter do futuro receio
Dedicar-me-ia à escrita
Com algumas viagens plo meio
Desconheceria a desdita
Dígitos na conta bancária
Seriam então cinco ou seis
Não seria mais bibliotecária
Comeria à mesa dos reis
Com passeios nos intervalos
Se tivesse uma fortuna minha
Porque o trabalho faz calos
De manhã é bom na caminha
Sendo eu pobre só me resta
Até quase aos setenta penar
Intercalando sesta e festa
Espero conseguir lá chegar
Provérbio provado rimado - MLXXI
Cada vez que te telefono
Ainda mais me decepciono
Não me escutas com atenção
Só interessa a tua situação
E se até percebes por acaso
O meu tempo de antena a prazo
Como estou então tentas saber
Para me tentares entender
Mas eu já te conheço no fundo
Só é importante o teu mundo
Finges ter reciprocidade
Por fazer parte da amizade
Em teoria queres ajudar
Mas escusas de te maçar
Cala os teus conselhos amiga
Que palavras não enchem barriga
Provérbio provado rimado - MLXX
Abrir-se a caixa de Pandora
Foi de todos os males origem
Curiosa e enganadora
Resultado talvez de vertigem
Num só impulso destapou
Doenças guerra e mentira
Apenas a esperança guardou
Com promessa eterna existira
Como os mitos este também
De compreensão difícil se acha
A culpada é Pandora porém
Por ter mexido na caixa
Provérbio provado rimado - MLXIX
O Pessoa é o meu modelo
E por certo também o Aleixo
Das minhas rimas a martelo
Que revelam algum desleixo
Almejo a simplicidade
Um verso que seja ritmado
Que se leia com facilidade
E não se torne complicado
Que lhe encontre cada um
Qualquer coisa que faça sentido
Ou encontre objectivo nenhum
E prepare um desmentido
Se a martelo saem poemas
À força e sem dever ser
Sobretudo é por falta de temas
E por vos querer entreter
sábado, 24 de junho de 2023
Provérbio provado rimado - MLXVIII
Provérbio provado rimado - MLXVII
Vê bem que ter tudo não podes
Quando ao prejuízo acodes
Haverá sempre consequências
Por causa das interferências
Só nos romances há justiça
No demais é coisa postiça
Para pôr na fotografia
Com lata e muita ousadia
Dos rios até às fronteiras
Louvam-se as boas maneiras
Mas contudo é um mundo avaro
Onde todo o elogio é raro
É para que nunca te estiques
E que convencido não fiques
Os limites estão à tua volta
Rodeiam-te como uma escolta
Necessário é que dês valor
A tudo o que é indolor
Mas valoriza realmente
O que obtiveste à tangente
Quando falha a expectativa
Fica-te pela alternativa
Já que neste mundo mesquinho
Se há para pão não há para vinho
sexta-feira, 23 de junho de 2023
Provérbio provado rimado - MLXVI
Quando algo é do caneco
Se diz também do caraças
Que não se esconda num beco
Que se difunda pelas praças
Ainda uma grande malha
Se usa bastante dizer
Quando coisa boa nos calha
Sem que estejamos a prever
Este tipo de interjeição
Profere-se com emoção
Um sinal de entusiasmo
Para lutar contra o marasmo
Provérbio provado rimado - MLXV
Aguenta-te ao batente
Com o teu melhor ar contente
Aguenta-te assim com esta
Mesmo que vejas que não presta
Se forçoso ao pé coxinho
Aguenta a bronca de mansinho
Aguenta também a bomboca
Sem carregar pela boca
Aguenta-te nas canetas
Ganhar sempre não prometas
Aguenta ai os cavalos
Sem que pises outros calos
Aguenta o barco no mar
Para que possa navegar
Aguenta firme a barra
Com coragem e com garra
Aproveito e dou-te um aviso
Suportar imenso é preciso
Tanto há a considerar
No que terás de aguentar
Provérbio provado rimado - MLXIV
Há coisas inusitadas
Que surgem desenquadradas
Quando menos estou à espera
É quando o acaso supera
Por isso já nada me admira
Face ao que antes assumira
Até posso ver sem pasmar
Um elefante a pedalar
Nem o sobrolho levanto
Vestindo um ar de espanto
E aqui te deixo um conselho
Que vale até seres mais velho
Nunca estarás preparado
Para o que te deixa pasmado
Do que vires e do que não vires
Já sabes não te admires
Provérbio provado dissimulado
O trabalho novo não lhe estava a correr nada bem. Tinha a sensação de que se queriam ver livres dele rapidamente. Seria apenas mera impressão ou haveria mesmo uma conspiração embrionária contra a sua pessoa que se estava a revelar non grata?
No anterior emprego a sua opinião era considerada, os seus conhecimentos tinham valor e as suas propostas eram levadas em conta. Mas aqui neste local sentia-se correr continuamente atrás do prejuízo: dava por si a ter de repetir muitas tarefas e a corrigir procedimentos anteriores e apercebia-se incapaz e até incompetente.
Por isso, começou a levantar cada vez menos dúvidas para que não o tomassem por estupido. Operava cegamente e sem certezas. Os seus erros acabavam todos por ser detectados: se não era pelo chefe, era pelos que ambicionavam lá chegar. Quando o chamavam à atenção, corava como um tomate maduro e metia os pés pelas mãos. Titubeava desculpas, ficcionava dificuldades no cumprimento dos processos.
O pior é que nesta era moderna, em que os computadores são um Grande Irmão de olho vigilante, tudo o que fazia maquinalmente ficava registado pelas máquinas. E assim, com a boca na botija, apanhado a inventar, ainda se enterrava mais.
- Nada é mais fácil do que mentir e mais difícil do que mentir bem
Provérbio provado rimado - MLXIII
Quando tudo só se repete
E a sequência não promete
É assim que a rotina se instala
A sua lei é a da bala
Porque há que fazer cumprir
O que nos querem atribuir
Mas não somos máquinas brutas
Também temos ideias astutas
A contínua repetição
Dá cabo da inspiração
Convém ir variando
Outras coisas intercalando
Apostar em mais diversidade
Que à vida traz qualidade
Despertar em si mesmo a surpresa
Isso vale mais que a riqueza
É forma de crescer aliás
De diversificar ser capaz
Nem comer sempre galinha
Nem sempre engraxar a rainha
Provérbio provado rimado - MLXII
Deitar pedras preciosas
Em qualquer pocilga habitada
Por alminhas invejosas
É tarefa malograda
Discursar em línguas mortas
É perda de tempo tamanha
Fecham+se na mesma as portas
De quem não cai na patramha
Estar sempre a ajuizar
Os comportamentos alheios
Pode acordar um pesar
E sentimentos tão feios
Cerrar os lábios de vez
Evitando assim o sarcasmo
Que sopa de mel não se fez
Para a boca de todo o asno
Provérbio provado rimado - MLXI
Aprecio aquelas pessoas
Que têm cara de quem vive
Cheias de intenções boas
E bom coração inclusive
As que tendo a achar atraentes
Podem ser menos bonitas
E têm posturas diferentes
Sejam ou não eruditas
Têm uma forma de estar
Assim um certo charme lento
Que eu não soi bem explicar
Mas que me provoca contento
Já se sabe que a beleza
Nos olhos de quem a vê está
Depende também com certeza
Da importância que se lhe dá
Por isso despertar a atração
E haver quem disso se gaba
Faz lembrar aquela afirmação
A beleza depressa se acaba
quinta-feira, 22 de junho de 2023
Provérbio provado num verso branco - CXII
Provérbio provado santificado -II
quarta-feira, 21 de junho de 2023
Provérbio provado rimado - MLX
Um objecto sem importância
Nem sequer é tigela inteira
Arrasa toda a ganância
De lhe dar valor à primeira
Também a ideia vulgar
Que tem o seu quê de singela
Ninguém a vai valorizar
Dirão que é de meia tigela
Tudo a que falta arrojo
E é pouco original
Até é capaz de dar nojo
Ter o rótulo de banal
A balança das prioridades
Tal como são entendidas
Tem particularidades
E dois pesos e duas medidas
Pois todos tomam partido
De acordo com o seu umbigo
Mesmo que não faça sentido
E até prejudique um amigo