sexta-feira, 29 de setembro de 2023
Provérbio provado pelos demais desinteressado
quinta-feira, 28 de setembro de 2023
Provérbio provado num verso branco - CXXIX
Ao menor gesto cúbico de vento
Deixa-se facilmente voar
Com o corpo desfeito qual pluma
A cabeça parte sempre primeiro
De tantos cenários anticoagulantes
Corre-lhe diluído o sangue nos vasos
Uma grande ajuda para quem quer flutuar
Quando a nortada sai vitoriosa
Ao sabor dos vagos dias inúteis
Sem se esquecer dos feriados
Acredita que também dançam as estrelas
Ao menor gesto cúbico de vento
Sabe a cor do sol quando lho permite a chuva
Nunca há bastantes chapéus para essas visitas
Nem almas suficientes em nenhuma imagem reflectida
Mulher de vento brilha como um um espelho
Provérbio provado bem arreado
A demografia não mente e a estatística é cirúrgica no demonstrar dos dados. Faltava-lhe somente um par de anos para atingir a terceira idade. Mas o problema é que a Julieta não queria largar a segunda nem por nada. Nem que a vaca tossisse a palha mais seca.
Considerava-se uma atraente mulher madura e a prova estava nos olhares masculinos que coleccionava quando andava na rua e que conseguia atrair sem grande esforço. Era mesmo caso para dizer que a Julieta ainda rompia meias solas.
Como qualquer fêmea que a formusura agraciou, sofria do síndroma da mulher bonita: só se aproximavam dela com segundas - e terceiras e quartas! - intenções. Dessa forma, sofria por causa do seu aspecto que já a tinha feito obter alguns favores, que acabavam o mais das vezes em dissabores quando ela demonstrava por A mais B, com toda a confiança que emprestava à voz, que o seu corpo não era moeda de troca. Habituara-se a desconfiar das aparentes boas intenções que só serviam para sobrelotar o inferno.
No entanto, toda esta questão se lhe revelava agridoce ao palato. Porque lá no fundo lhe assentava bem a atenção masculina. Porque a auto-estima nunca é de sobra, nem sequer para a Julieta, sempre tão segura de si. Era toda uma renda gasta em cosméticos, cabeleireiro e vestidos.
- A mulher que bem se arreia nunca é feia
Provérbio provado rimado - MCXCIII
Provérbio provado rimado - MCXCII
Eu tenho a alma enrugada
Não sei passá-la a ferro
Nas veias não há quase nada
Estou prestes a dar o berro
A vida por vezes parece
Estar muito perto do fim
A cada dia fenece
Separa-se mais de mim
De tal forma sou estrangeira
Quando o meu corpo não sinto
E a sensação derradeira
É que a mim mesma minto
Quando finalmente desperto
Estou feita em trinta mil cacos
Vejo um futuro incerto
Peço que me mordam macacos
Pois nem quero acreditar
Que continua a batalha
Com a vida em constante girar
Não é permitida uma falha
sábado, 23 de setembro de 2023
Provérbio provado quase finado
sexta-feira, 22 de setembro de 2023
Provérbio provado rimado - MCXCI
Não comeces a ser garganeiro
Ou desce o pau de marmeleiro
E um pano encharcado na tromba
Cai-te em cima como uma bomba
Cabeçada à Cais do Sodré
Para aprenderes como é
Vê se tens mais respeitinho
E ficas num canto quietinho
quinta-feira, 14 de setembro de 2023
Provérbio provado rimado - MCXC
Quem anda de antenas no ar
E os erros alheios procura
Não me pode impressionar
Porque não está à minha altura
Let it be é uma canção
Que transmite uma boa ideia
Transformou-se no meu pregão
E deixa-me a alma cheia
Pois ter pelos outros respeito
Tolerar os seus comportamentos
Por ninguém ser só perfeito
Evita maus julgamentos
sábado, 9 de setembro de 2023
Provérbio provado num verso branco - CXXVIII
Por mais que te apresses e saltes e rodopies
Apenas te é permitido um passo de cada vez
A tua perna é sempre maior que o passo
Respira fundo e conta quantas nuvens voam no céu
A única boa precipitação é a chuva
sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Provérbio provado rimado - MCLXXXIX
És deveras enganador
Com a língua cheia de petas
Nem te sobe à cara um rubor
Ste pões com as tuas tretas
Na posse de todos os dentes
As mentiras igualam as febres
E se tu corres como mentes
Tens convite para ir às lebres
Provérbio provado rimado - MCLXXXVIII
A verdade possui factos
Muito fáceis de repetir
Já a mentira é dos actos
Mais fáceis de digerir
Face à difícil verdade
Há a mentira piedosa
Que possui a faculdade
De ser bem mais engenhosa
Quem à mentira se sujeite
Faz mossa e provoca mágoa
Que a verdade é como o azeite
Vem sempre à tona da água
Provérbio provado rimado - MCLXXXVII
A Telma já se reformou
E veio uma substituta
Que o seu lugar ocupou
Com uma postura astuta
Se é boa sucessora
Isso só o tempo dirá
Mas de momento a Aurora
Não despe a cara de má
Intitulada superiormente
Pelo chefe do chefe normal
Estima tornar-se vigente
E um tecto orçamental
Assim degrau a degrau
O que a Aurora deseja
É guito a dar com um pau
E uma chefia que seja
O que ela diz já é lei
E é para tantos desgosto
Que logo após morto o rei
Há imediato rei posto
Provérbio provado rimado - MCLXXXVI
Não peças a quem serviu
Nem sirvas a quem serviu
Tu pede a quem o herdou
Que não sabe o que custou
Que não dá qualquer valor
Ao que ganhou sem suor
E lhe assegurou os sustentos
Já que vive dos rendimentos
Provérbio provado rimado - MCLXXXV
Desde que não aleije ninguém
E não opere fora da lei
Escusam de me vir com desdém
Que eu caguei e andei
Provérbio provado rimado - MCLXXXIV
Olha lá que os falsos amigos
São como aves de arribação
Fogem no Inverno para abrigos
Para assim evitar a estação
Enquanto houver soalheiro
E se persistir bom humor
Estiver cheio o mealheiro
São amigos em todo o esplendor
Mas quando tratam de bazar
Para ir chular outras almas
Que não se podem preparar
E são assaltadas nas calmas
O pior é se acaso a desgraça
E as portas a que ela bate
Chegar com ar de trapaça
Pronta para grande combate
É sabido que nunca vem só
A nossa desgraça e a alheia
De quem sofre não tem dó
A coisa fica mesmo feia
Um dia as nuvens emigram
Destapando o sol que acordou
O que faz com que todos digam
Que o infortúnio parou
Provérbio provado rimado - MCLXXXIII
Há dias em que nada pega
Não há ideias brilhantes
A rotina é que sobrecarrega
A magia que há nos instantes
Se quero que surja à força
O melhor poema do ano
Por mais que a vontade se torça
Só sobreviverá um engano
Mas há porém certos dias
Em que o verso tudo inunda
São tantas as sintonias
Talvez alguém se confunda
É então que é de aproveitar
Escrever uns provérbios provados
Que não me chego a cansar
Porque o faço de olhos fechados
Provérbio provado rimado - MCLXXXII
Quem quer peixe molha o cu
Se for pescar todo nu
Mas há quem vá para o pontão
Ou para a pesca de arrastão
Por isso quem quer que nade
Um peixinho no seu prato
Que molhe o cu com vontade
Assim até sai mais barato
Provérbio provado rimado - MCLXXXI
Quando já não me quiserem
Eu irei à minha vidinha
Mas enquanto atentos me lerem
Fico aqui na alegre casinha
Este espaço é divertido
E ninguém cá faz salsifré
Para provar o provérbio escondido
Daqui não arredo mais pé