Provérbios Provados noutras casas:

domingo, 31 de março de 2019

Provérbio provado rimado - CDXCII

Amanhã já é segunda feira
Só me apetece dizer uma asneira
Uma daquelas bem cabeludas
Que deixe as pessoas mudas

Mas aqui não é permitido
Aliás até é proibido
Então direi coisa elegante
Por exemplo cocó de elefante

Karaças é interjeição leve
Mas não é assim que se escreve
Apre abrenúncio e credo
Irra puxa ai que medo

Já esgotei as asneiras fugazes
Só me recordo das audazes
Termino com chiça penico
E mais aliviada eu fico

Provérbio provado rimado - CDXCI

Se queres mijar contra o vento
E não arranjas melhor pensamento
Entretém-te a coser meias
Pois as gavetas estão cheias

Muitas rotas e desirmanadas
E a maior parte mal dobradas
Azuis escuras ao lado das pretas
Anda lá não te ponhas com tretas

Vai ligeiro fazer o que peço
Que no saco das meias tropeço
Ou então vai passar a ferro
Se não queres que te mande um berro

É um passatempo de Inverno
Mas também tens o caderno
Prontinho cheio de equações
De gramática e definições

Coser meias tarefa de macho?
Cozer batatas dentro do tacho?
Neste século não há disso mais
Agora somos todos iguais

Provérbio provado rimado - CDXC

Dois que se defrontam no ringue
Até que um deles se extingue
KO que leva ao tapete de vez
Não é preciso contar até dez

Vem o árbitro e levanta a mão
Assinala qual é o campeão
Tira as luvas e a coisa dos dentes
Olha em volta para mais oponentes

Depois de mirar tanto em redor
Nem sequer agradece ao treinador
Tem tão insuflado o seu Eu
Que cospe no prato que comeu

Provérbio provado rimado - CDLXXXIX

Há provérbios que não compreendo
Pois não sou tão esperta assim
E logo quando não os entendo
Invento uma rima porque enfim

É o caso deste que se segue
Diz que o casamento e a mortalha
Não há nada porém que o negue
É no céu que a coisa se talha

Talhar é por molde cortar
Lá no céu os anjinhos burilam
O fato do fim e o de casar
Mortos e vivos rejubilam

Provérbio provado rimado - CDLXXXVIII

Estamos a entrar em Abril
Que dizem ter águas mil
A chuva faz tanta falta
Para regar os campos da malta

Não quero do contra ser
Mas se já pudesse escolher
Entrava directa no verão
É a predilecta estação

Ia dar um mergulho no mar
Depois para a toalha secar
E andava com roupas leves
Estou farta de dias breves

Provérbio provado rimado - CDLXXXVII

Somos amigas desde os seis anos
Já nem sequer é preciso falar
Juntas em alegrias e enganos
Sabemos o que a outra está a pensar

Partilhámos trabalho e escola
Férias grandes e roupas emprestadas
Alinhamos pela mesma bitola
Continuamos mesmo se separadas

Tantas histórias há para contar
Vividas de noite e de dia
Por vezes tive de me zangar
E dizer-lhe mau mau Maria

Provérbio provado rimado - CDLXXXVI

Uma discussão no trabalho
Já ia num rumo perigoso
O Bruno armou-se em paspalho
Mostrou o punho vigoroso

O Nuno não foi de modas
Arregaçou logo as mangas
Opá de uma vez por todas
Já estou farto das tuas tangas

A Ana foi a salvação
E veio pôr panos quentes
Lá acalmou a situação
E ninguém partiu os dentes

Provérbio provado rimado - CDLXXXV

Já ontem descuidaste
E hoje tu não pensas
Pois se não te enlutaste
São as famílias propensas

Aqui te dou um conselho
Com carinho os teus estima
Um dia serás tu velho
Recordarás esta rima

Terás teus filhos também
Não vais querer que te desprezem
Que amem o pai e a mãe
E restante família prezem

Ensina-lhes bem a lição
Num silêncio exemplar
Que reflicta a acção
No seio familiar

Logo será como queres
Filho és e pai serás
Assim como fizeres
Assim tu acharás

Provérbio provado rimado - CDLXXXIV

Se no YouTube sonhas aparecer
Como está na moda querer
Não basta desejar ser famoso
E carregar um vídeo jeitoso

Se é nas revistas cor de rosa
Que queres fotografar airosa
Não basta ter um lindo vestido
E ter o braço dado com o querido

Os teus quinze minutos de fama
Não se têm dormindo na cama
Terás de trabalhar um pouco
Ou então serás sábio ou louco

Provérbio provado rimado - CDLXXXIII

O João é alto e lingrinhas
E tem as pernas fininhas
Corre lento como um caracol
Para ganhar um lugar ao sol

Não tem preparação muscular
Cansa-se fica logo a ofegar
Essa é uma das suas facetas
É que não se aguenta nas canetas

Provérbio provado rimado - CDLXXXII

Levas a colher à boca
Bem cheia de quente sopa
Sorves tudo num instante
O gesto é reconfortante

Mal acabas de o fazer
Nem chegou a arrefecer
É que bocado engolido
É logo sabor perdido

terça-feira, 26 de março de 2019

Provérbio provado rimado - CDLXXXI

Há gentinha assaz invejosa
De insucesso alheio desejosa
Tudo faz para o azar mirar
Com infortúnio se deleitar

É uma gente que anda aos pares
Todos juntos são muitos milhares
A inveja é um comum factor
Defeito que grassa com fervor

Tanto Judas como outros matreiros
Sempre ganham trinta dinheiros
Beijam Cristo numa das faces
Invejando seus poderes fugazes

Ladrões e corruptos q.b.
Mais roubam se o Estado não vê
Nunca o invejoso medrou
Nem quem ao pé dele morou

Provérbio provado rimado - CDLXXX

A vida passa a correr
Num instante vamos morrer
Hoje bem e amanhã mal
Numa cama de hospital

As dificuldades enfrenta
Se chegares aos setenta
Com poder e sabedoria
Tenta sempre ter alegria

Por isso vá põe-te fino
Vá lá não sejas menino
Digo-te cresce e aparece
A vida fácil fenece

Provérbio provado rimado - CDLXXIX

A minha irmã Catarina
É uma mulher poderosa
Mas por vezes desatina
Com a sua prole numerosa

Duas meninas e um menino
Que fazem birras à vez
Foi assim que quis o destino
Três é a conta que Deus fez

segunda-feira, 25 de março de 2019

Provérbio provado rimado - CDLXXVIII

A minha vizinha Maria
Só sabe dar-me arrelia
É grande coscuvilheira
Espreita de toda a maneira

Faz conluio com a de cima
Às vezes também com a prima
E finge varrer as escadas
Quando elas já estão lavadas

Já viram o meu azar? 
Neste prédio tenho meu lar
É que má vizinha à porta
É pior que lagarta na horta

sábado, 23 de março de 2019

Provérbio provado rimado - CDLXXVII

Jacaré que não corre apressado
Acaba transformado em calçado
E o que dorme vira mala
Com alsa e fivela para atá-la

Vê lá tu não durmas na forma
Andar bem desperto é norma
Põe as tuas antenas ligadas
Que estejam bem sintonizadas

Provérbio provado rimado - CDLXXVI

A minha terra é rés vés
A coroa de Lisboa
Enganam-se não é Algés
Disseram um nome à toa

É a capital da BD
E de equipamentos perfeitos
Eu trabalho onde muito se lê
Mas há alguns bairros suspeitos

Muita imigração no concelho
O Babilónia é uma referência
Também há muito povo velho
Há que ter nas filas paciência

A Academia Militar
Com os seus mancebos fardados
Não pára nunca de formar
Ano após ano soldados

Até já tem metro agora
Que facilita a mobilidade
Não falo da boca para fora
É a minha Amadora cidade

sexta-feira, 22 de março de 2019

Provérbio provado rimado - CDLXXV

Quando se vai à taberna
E do copo três se abusa
No dia seguinte se hiberna
Levantar da cama é recusa

Queres fiado toma o cartaz
Que nas paredes está exposto
O WC na parte de trás
Ao lado da pipa com mosto

O Senhor Saraiva ao balcão
Com o seu cabelo oleoso
Limpa ao avental logo a mão
Serve os copos com ar pesaroso

Não se sabe o copo qual
Que a moca despoletou
Bebedeira monumental
Que na sanita terminou

Mas que grande ressaca irra
Como dar com a cabeça na porta
Não adianta sequer fazer birra
Se não se sai da cepa torta

Dizer não irei beber mais
E no dia seguinte ir lá
São promessas que já são demais
Coerência e estrutura não há

Provérbio provado rimado - CDLXXIV

A juventude da qual te orgulhas
Só passa depois das borbulhas
Agora és imberbe miúdo
Com um cabelo de veludo

Pareces-me ser atraente
Seria tua pretendente
Se não fosse muito mais velha
Podia ser tua parelha

Que cresças fico aqui à espera
Matures com a Primavera
Espero não me vás preterir
Mais te digo que hás-de cá vir

Provérbio provado rimado - CDLXXIII

Todos cometemos erros
E a asneira é um polme
Que reveste como ferros
Ninguém escapa incólume

Quem pensa que está livre
Da burrice cometer
Não terá savoir-vivre
E vai-se arrepender

Melhor é baixar a garimpa
No processo pôr uma estaca
Ter a consciência limpa
É ter a memória fraca

Provérbio provado rimado - CDLXXII

Invejam muito o que valho
Mas pouco o que trabalho
Esta semana foi dose
Deu-me cabo da escoliose

Por vezes é uma correria
Não pensem que tenho a mania
Picar o relógio de ponto
Deixa o cérebro tonto

E o público atender
É caso para esmorecer
Às vezes só me saem duques
Ladinos e cheios de truques

Provérbio provado num verso branco - XLVIII

O bom filho a casa torna
(Mortuus erat et revixit)

I
Segui um dia num barco
Cores vivas acesso ilimitado
Que passou à minha porta
Embarquei até onde as vagas rebentam
Emoções tão pesadas que bailava
Rumo ao disperso mar incerto
Procurava um porto onde atracar
Rodeavam-me horizontes
A caminho do desmaio

II
Vira a marcha à ré
Capitão maquinista almirante
Quero voltar à partida
Retornar aos mansos ventos
Agora onde só o desespero me cerca
Devia ter-te ignorado
Primeiro barco luz depois triste
Fechava os olhos e dormia
E já o sonho me leva à tua proa
Donde vejo perdida a vida

III
Pai querido pai
Porque não me ensinaste
Que é mais saudável
A emoção sentida de fora
Que na paz se apreciam os momentos
Que o mar não é seguro
Debaixo dos meus pés?
Porquê pai não deixei passar
De mansinho o barco
Na corrente do rio?

IV
Disse o pai aos seus criados: "Trazei depressa o fato melhor e vesti-lho; ponde-lhe um anel na mão e calçado nos pés. Trazei o vitelo gordo, matai-o; e comamos em festa, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e encontrou-se."

Provérbio provado rimado - CDLXXI

Icterícia e bonito cabelo
Faz-te belo e amarelo
Todo airoso e todo janota
Ninguém diz que já és um cota

A juntar à prisão de ventre
Tu bem tentas seguir em frente
Até vais até ao consultório
Para pedir um supositório

O médico receita dieta
Radical muito completa
Só a esposa te atura
Deita água na fervura

Leva com o teu mau feitio
Sem um ai e sem um pio
E teus desmandos perdoa
Ela é uma esposa boa

Provérbio provado rimado - CDLXX

Vim aqui dizer um poema
Decorá-lo foi um problema
Terei de a voz projectar
E tentar não tremelicar

Desculpem se estou nervosa
Melhor era só ler em prosa
Mas quis dar-me um objectivo
Já nem sei qual foi o motivo

Ó senhores façam silêncio
Tu também aí ó Prudêncio
Pois vou começar a dizer
O poema que aqui quis trazer

Que rápido foi e já acabou
Nem sequer um minuto levou
Talvez parecesse corriqueiro
Agora é o descanso do guerreiro

quinta-feira, 21 de março de 2019

Provérbio provado rimado - CDLXIX

O ditado a verdade encerra
Os mais fortes reinam na terra
Só o pensamento é ciência
Contra a força não há resistência

Provérbio provado rimado - CDLXVIII

Mudam-se os tempos
Mudam-se as vontades
Ora temos contratempos
Ora bem são liberdades

O mundo pula e avança
Em constante construção
Numa obstinada dança
E alegre renovação

Objectivos como meta
E que nos fazem mudar
Como a cauda de um cometa
Deixam rasto a brilhar

A mudança é tão boa
É sal que tempera a vida
Impede que andemos à toa
Até vir a despedida

Quando o dia chega ao fim
Com alívio suspiramos
Amanhã será assim
Novo dia que tragamos

Provérbio provado rimado - CDLXVII

Estou-te cá com umas ganas
Não quero esperar semanas
Devolveste-me o sorriso
Tens tudo o que é preciso

Quem haveria de dizer
Que te iria conhecer
Numa circunstância invulgar
Quando saímos para jantar?

Desejo é viver o presente
E o futuro que aguente
Não quero andar com sonda
Vamos na crista da onda

É de aproveitar a maré
Ser um do outro ó Zé
Suspeito que estaremos bem
Arriscando como convém

Provérbio provado num verso branco - XLVII

A gente cria os filhos para o mundo
Espelho do que desejámos viver
Oscilando entre a vontade de que voem para longe
Querendo ao mesmo tempo protegê-los debaixo da asa
O ninho sempre à espera que regressem saudáveis e pródigos
Eles sobrevoam-no e afinal ficam por perto

A maçã nunca cai longe da macieira
Sabe onde nasceu porque os pinheiros não dão uvas
E as videiras não produzem pinhões
A seiva é o sangue que sobe da terra e lhe diz estás em casa
Os ramos o abraço do sol e da chuva

quarta-feira, 20 de março de 2019

Provérbio provado rimado - CDLXVI

Isto está pior outra vez
Ao salário sobra muito mês
Anda tudo a pedir fiado
No café e no supermercado

As rendas estão caríssimas
E as contas da luz altíssimas
A gasolina p'la hora da morte
Não se sabe onde fazer mais corte

Como ir buscar mais dinheiro
Se está vazio o mealheiro?
Mas há quem o tenha aposto
Que a estupidez não paga imposto

Provérbio provado rimado - CDLXV

Se te estás a fazer ao piso
Tem calma eu já te aviso
Não queiras tudo de uma vez
Prolonga por duas ou três

No primeiro encontro é precoce
Nem que a vaca tenha tosse
Quando muito terás um beijinho
E ficarás mais sossegadinho

terça-feira, 19 de março de 2019

Provérbio provado rimado - CDLXIV

Se hesitas no que dizer
Ou não sabes o que fazer
Ficas a contar as horas
Nesse tempo te demoras

Vá lá dá um passo
Ate chegar o abraço
Esse gesto que anseias
E te correrá nas veias

Está quase está a chegar
Nos ponteiros a rodar
Não fiques tão ansioso
O stress é contagioso

Provérbio provado rimado - CDLXIII

Qual a música pouco importa
A quem é surdo que nem uma porta
É preciso gritar-lhe ao ouvido
Subir o tom de modo destemido

Os velhinhos põem aparelho
Assim podem meter o bedelho
E se a surdez for total
É aprender linguagem gestual

Provérbio provado rimado - CDLXII

És pau para toda a obra
Mais veloz do que uma cobra
És muito requisitado
E nem te dizem obrigado

És uma espécie de bombeiro
É a ti que chamam primeiro
Todos os fogos apagas
Enquanto a mangueira afagas

Provérbio provado rimado - CDLXI

Quando a existência se complica
Como acontece não se explica
Tudo começa a correr mal
A vida é um jogo desigual

Andamos aos tropeções
Afogados em emoções
À procura de um sentido
Para o verbo ter existido

Mas no fim feitas as contas
Há mais coisas boas que afrontas
Porque Deus tem mais para dar
Do que o Diabo para tirar

Provérbio provado rimado - CDLX

A língua bate onde dói o dente
A gengiva queixa-se dormente
Resta a ida ao consultório
De um dentista que seja simplório

Olá como está xô doutor?
O que o traz cá meu senhor?
Tenho aqui um dente lixado
Espero que não vá ser arrancado

A língua só me bate lá
E dor mais horrível não há
Já viu bem a minha sorte?
Dê-me já um remédio forte

Com a caneta na mão direita
Começa a passar a receita
Tome isto e vai ver que melhora
E ponha-se daqui para fora!

Para a semana venha novamente
Para radiografar esse dente
E mantenha a língua quieta
Como se fosse uma linha recta

sábado, 16 de março de 2019

Provérbio provado rimado - CDLIX

A minha escolha eu escolho
E se a ninguém causa dano
Vivo neste mundo insano
Com ela debaixo de olho

A tua é o que escolhes ser
Pela mesma ordem de ideias
Não mires escolhas alheias
Nem tão pouco a queiras esconder

Vamos em frente sem medos
Empunhando nossos cartazes
A sorte protege os audazes
Que constroem seus próprios enredos

quinta-feira, 14 de março de 2019

Provérbio provado rimado - CDLVIII

Alquimistas da dor do mundo
Irmãos do verso profundo
Somos os loucos da terra
A vida é a nossa guerra

Com o coração ao vento
A palavra como talento
Andamos ao Deus dará
Avisamos desde já

De nós esperem o pior
Também o que há de melhor
Somos sinceros e puros
Fingimos que somos duros

sexta-feira, 8 de março de 2019

Provérbio provado avinagrado

Naquela noite de invernia houve uma sobrecarga eléctrica na casa do Sr. Tavares e, puf!, o quadro foi abaixo. Acercou-se da caixa do contador junto à parede e fez duas, três, quatro tentativas para dar à luz. Nada feito!, fora um disjuntor que rebentara, agora só chamando o electricista no dia seguinte: e logo o Antunes, esse chupista que só pela deslocação me leva um tomate - suspirava de si para si o Sr. Tavares, enquanto tacteava nas gavetas da cozinha à procura de velas. Velas nem vê-las, e depois de andar a tropeçar durante uns dez minutos que lhe pareceram uma eternidade, lembrou-se que havia na adega uma velha lamparina e para lá se dirigiu. Mas as vicissitudes do Sr. Tavares não se ficariam por aqui: encontrado o empoeirado objecto, não havia azeite para alimentar o pavio. Ele ainda tentou com vinagre, mas o vinho acidificado não acendia a lamparina. Foi então às apalpadelas pelo corredor até ao quarto, transpôs a soleira e enfiou-se debaixo dos cobertores, enquanto pensava alto: ó António (António era o nome próprio do Sr. Tavares), no meio de tanto azar ao menos não foste picado pelos insectos que seriam atraídos pela luz da lamparina!

- Não é com vinagre que se apanham moscas

quinta-feira, 7 de março de 2019

Provérbio provado rimado - CDLVII

Engraxar tem dois sentidos
Nos sapatos ou nos ouvidos
Na profissão de sapateiro
É seu trabalho costumeiro

Mas quando é labor de graxista
Nesse feio afã é artista
À mais feia chama mais bela
Mais que à linda Cinderela

Por dá cá aquela palha
Engraxa coisa que o valha
O que pretende este amigo
Quererá aumentar o umbigo?

Provérbios provados seleccionados - VII

Quando criei este blog temático, nos idos de 2008, foi com a ideia de contar histórias a partir de provérbios. Só mais tarde, em 2017, apareceram as rimas e o verso branco, que entretanto constituem a maioria das publicações. Os pequenos textos são ficcionados e contam contos quer da ruralidade quer da cidade. O ditado popular ou expressão idiomática surge somente no fim, à laia de moral da história.

Apresento-vos aqui mais uma selecção de prosas proverbiais, invertendo desta feita a ordem dos factores: desvendo logo qual é o adágio final. Espero que sejam do vosso agrado!

- Onde há fumo há fogo

- Quando um burro fala, o outro abaixa as orelhas

- Quem cala consente

- A esperança do descanso alivia o trabalho

- Deus escreve direito por linhas tortas

- Da boca das crianças sai a verdade

- O orgulho não quer dever e o amor próprio não quer pagar

- Palavras não custam dinheiro

- Amigo certo conhece-se na hora incerta

- A vida é um livro aberto



quarta-feira, 6 de março de 2019

Provérbio provado rimado - CDLVI

Já o caracol tem catarro
A minha avó me dizia
Vem cá que já te agarro
Enquanto a vida maldizia

Eu era muito irrequieta
E só sossegava a ler
Mas ela tinha a outra neta
Que se portava como mulher

Os provérbios sabia de cor
Para todas as ocasiões
A minha avó era a melhor
Para decorar expressões

Dela herdei esta paixão
E assim colmato a saudade
Gosto de ter ditados à mão
Para qualquer oportunidade

Eles dão-me pano para mangas
Alinhados versos preparo
Não se queixem se vos der tangas
Começo a rimar e não páro

sexta-feira, 1 de março de 2019

Provérbio provado rimado - CDLV

Desde que me tratem com carinho
Não me deixem sempre sozinho
Me amparem nos baixos e altos
E nos frequentes sobressaltos

Minha terra é o meu lar
Pode ser em qualquer lugar
Pois é aonde me vai bem
Que aí tenho pai e mãe

Provérbio provado rimado - CDLIV

O meu amor é tranquilo
Sereno como o rio Nilo
É bastante caudaloso
Às vezes também é nervoso

O meu amor já é antigo
Principalmente meu amigo
E acende-me logo o desejo
Quando me pespega um beijo

O meu amor é tão lindo
Dá-me um carinho infindo
Acompanha-me nesta saga
Que amor com amor se paga