Provérbios Provados noutras casas:

sexta-feira, 31 de julho de 2020

Provérbio provado rimado - DCCCXC

Em casa do Zé Maria 
No meio da vozeria 
Gritava muito a mãe 
E o paizinho que Deus tem 

Começavam de manhã cedo 
A berrar que até dava medo 
Para que se erguessem da cama 
Não queriam ninguém à mama 

Todos os irmãos e o Zé 
Engoliam de um trago o café 
E uma côdea de pão bolorento 
Que servia de magro sustento 

A mãe distribuía as marmitas 
Com aparas de toucinho fritas 
Que seriam o pobre almoço 
Mais tarde para cada moço 

No campo eles mourejavam 
Sem parar mal descansavam 
Desde manhã ao sol posto 
Fosse Janeiro ou Agosto 

Nenhum era preguiçoso 
Calão nem sequer ocioso 
Nem o pai permitiria 
Pois tantas vezes repetia 

Meus filhos ouçam o que digo 
Se me querem por amigo 
Cá em casa deste home 
Quem não trabalha não come 

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Provérbio provado rimado - DCCCLXXXIX

Quem tem falta de coragem 
É porque lhe falta bom senso 
Encolhe à menor aragem 
Anda sempre muito tenso 

Que isso de ser ponderado 
Cingir-se só ao possível 
Não devia ser tão louvado 
Nem única coisa exequível 

Às vezes é bem preciso 
Pôr o pé em verde ramo 
Com um rasgado sorriso 
Ignorar chefe e amo 

Ater-se só à vontade 
À pureza da intenção 
E em total liberdade 
Escutar a própria razão 

Provérbio provado rimado - DCCCLXXXVIII

Não tenho senão um tema 
Isto ameaça um problema 
Que não seja a tua pessoa 
Ao pé de ti tudo destoa 

Qualquer que seja o rabisco 
Apenas me sei repetir 
Por isso quando vira o disco 
Toca o mesmo a seguir 

sábado, 25 de julho de 2020

Provérbio provado rimado - DCCCLXXXVII

Vamos mas é bola p'rá frente
Porque lá atrás vem gente 
Se vamos o passo estugar 
Cuidado para não tropeçar 





Provérbio provado rimado - DCCCLXXXVI

Tu só gostas do platónico 
Não deixa de ser irónico 
Se soubesse não tinha proposto 
Um encontro para teu desgosto 

Fui daqui até Almada 
Deixaste-me pendurada 
Com pobre justificação 
Forjada de antemão 

Estúpida culpabilizei-me 
Desesperei e irei-me 
Não atinei com o motivo 
Para de repente seres esquivo 

Porém não foste capaz 
De dar a cara rapaz 
És um tipo de cobarde 
Que vem piar muito tarde 

Espero que este versejo 
Te estanque de vez o desejo 
Que me deixes à vontade 
De mim não tenhas saudade


sexta-feira, 24 de julho de 2020

Provérbio provado jogado

A Leonor tem 27 anos, aquela idade que poucos sabem aproveitar e lamentam mais tarde não ter gozado em pleno, o beliscão biográfico em que se matam os ídolos musicais quando constatam a impossibilidade de resgatar o tempo perdido. 
A Leonor tem 27 anos, completados há pouco no Estio, e a sua beleza é tão singular que entra pelos olhos adentro sem se permitir um questionamento, é uma beleza tão bruta que não carece de validação. 
A Leonor tem 27 anos e mais dúvidas que certezas felizmente, o que lhe confere o brilho próprio das pessoas incertas, estrelas até de dia que o sol não tapa, mas que se deixam cobrir pelas nuvens por saberem o poder orgástico da natureza. 
A Leonor tem 27 anos e a vitalidade paradoxalmente serena dos que, bastando-se, tornam a vida dos demais bastante. Vai saltitando pelas casas do tabuleiro da vida ao sabor dos dados, as pintas dos dados estão para o peão como o destino está para os incrédulos, o que interessa não é se acreditamos, é o que progredimos no combate. 
A Leonor ainda só tem 27, vinte-e-sete, talvez aos 47 anos compreenda que as regras do jogo são uma mentira que lhe contaram para que não se matasse aos 27. 

- A ganhar se perde e a perder se ganha 

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Provérbio provado não almoçado

O Sérgio gostava de palavras compridas, tendo uma predilecção pelas acentuações tónicas mais difíceis de pronunciar. Por isso, ficou visivelmente agradado quando conheceu o casal Nunes: nunca se havia deparado com duas pessoas tão esdrúxulas.
O Henrique Nunes era colega do Sérgio e um hipocondríaco de primeiríssima água, desde que não fosse da torneira porque lhe provocava diarreia, muito ácida por causa da colite ulcerosa ou demasiado alcalina pois despoletava-lhe urticária colinérgica. Sabia um sem número de nomes de doenças com nomes complicados, fazendo as delícias do Sérgio que se pelava por dois dedos de conversa com ele. Só que o Henrique nunca se podia demorar após o trabalho: ansiava por ir direitinho para casa ter com a mulher. O Sérgio não percebia bem quem é que controlava quem: se seria o Henrique demasiado ciumento, se seria a mulher dele, a Efigénia, que por sua vez lhe media os passos.
Percebeu então que não aprofundaria a questão, já que o Henrique recebeu nessa altura um presente envenenado do patrão: uma promoção irrecusável que, no entanto, o obrigaria a emigrar. Não havia muito a fazer senão aceitar: a idade que tinha e a sua inexperiência noutra área que não a sua empurrá-lo-iam para o desemprego de longa duração. Antes de partir, o Henrique teve um ameaço de enfarte - que se verificou ser apenas um chilique seguido de um desmaio teatral - que não foi o suficiente para comover nem demover o patrão; despediu-se dos colegas um por um e quando chegou a vez do Sérgio pediu-lhe que olhasse pela sua Efigénia.
- Sabes, Sérgio, é só galifões lá do trabalho dela sempre de roda... De vez em quando passa por lá, amigo, assim disfarçadamente, compreendes?, é que eu já não poderei fazê-lo...
Foi nesse instante que o Sérgio compreendeu que o Henrique padecia da grave doença dos ciúmes e que esta não era imaginária. Mas lá acedeu renitente.
No dia da partida definitiva, Sérgio foi despedir-se ao aeroporto. O que o movia não era tanto a consideração pelo ex-colega, mas sim uma curiosidade por conhecer-lhe a mulher. Ficou decepcionado: a Efigénia não devia muito à beleza, não fazendo jus à tamanha devoção que por ela nutria Henrique. Conquanto até fosse bem feita de corpo, tinha cara de cavalo, uma testa demasiado larga e faltava-lhe um molar. Resolveu então que dispensaria as visitas ao seu serviço, como havia prometido ao marido inquieto.
Porém, na semana seguinte a Efigénia telefonou-lhe: o Henrique havia-se esquecido de entregar umas chaves do escritório, não quereria o Sérgio passar lá em casa e apanhar as ditas? Ele lá foi e apanhou o chaveiro todo, inclusive teve de arrombar algumas fechaduras, passe a fraca metáfora de serralharia. Mas não se pôde demorar, já que a meio do ofício, o telefone dela tocava insistentemente com pedidos de vídeo-chamada do emigrado.
A Efigénia passou a enviar a Sérgio mensagens de forma compulsiva, solicitando encontros rápidos em que, após um sexo sempre excessivo, se perdia em confissões e revelações demasiado íntimas da vida do casal. Que o marido a controlava de forma obsessiva, que a sua vida era um inferno, mas não se podia separar porque o marido a matava ou então matava-se ele com o desgosto do abandono, etc e vira o disco e toca o mesmo. Sérgio fartou-se rápido dela: por mais que o sexo fosse óptimo, aquela carência toda pejada de contradições agastava-o. Henrique não parava, contudo, de lhe telefonar e ele já não sabia o que dizer.
- Desculpa lá, mas o Sr. Mota tem andado maluco: ou saio tarde ou surge alguma coisa de última hora que me impede de passar no serviço da tua mulher...
Face à insistência do ex-colega, que ameaçava ora quebras de tensão ora uma hipertensão nos píncaros, Sérgio começou a vigiar os passos de Efigénia. Nos primeiros dias não viu nada de extraordinário: ela entrava pela porta do serviço de manhã à hora de picar o ponto e pela mesma porta saía quando era hora de regressar a casa. Sérgio estava prestes a desistir, quando encontrou o Nelson, um colega do ginásio, que era ali segurança. 
- Se conheço a Efigénia?, conheço até bem demais, amigo!
O Nelson abriu a boca e contou tudo o que sabia a um Sérgio atónito: que a Efigénia era louquinha por sexo e tinha casos com tudo o que mexia lá no trabalho. Os seguranças e os colegas tinham rodado todos de uma assentada, porque ela era insistente e arranjava estratagemas para os apanhar de surpresa quando eles se escusavam. 
- Então mas ela sai e entra no trabalho a horas e nem sequer vai almoçar fora...
- Ela nunca almoça, onde achas que ela foi arranjar tal figurinha? Aquilo são muitas horinhas de desporto! Temos um piso inferior de estacionamento e é lá, nos carros deste e daquele, que ela passa as horas de almoço. O pior é o danado do marido, sempre desconfiado, sempre a fazer vídeo-chamadas, e ela a arranjar desculpas, mete as colegas ao barulho, diz que está com a Ilda ou com a Mónica mas, olha, ouve o que te digo, aquilo qualquer dia dá merda. Ela diz que ela a mata ou que se mata... Nós até temos um colega que diz que ela tem um problema, diz que a Efigénia é ninfa, ninfa... Diz lá tu que gostas de palavras compridas, deves saber esta!
- Ninfomaníaca.

- Onde se ganha o pão não se come a carne
 

sábado, 11 de julho de 2020

Provérbio provado rimado - DCCCLXXXV

O Francisco tanto ostenta 
Um saber a cuspo colado 
Ser muito original tenta 
Porém tudo é plagiado 

Ele memoriza pedaços 
Do todo só umas linhas 
Mas ele traz livros nos braços 
Apesar de ser tão lingrinhas 

O cérebro também é pequeno 
Para albergar conhecimento 
Prova do seu próprio veneno 
Quando quer brilhar um momento 

Na sua cabeça só cabe 
Pouco do que andou a ler 
Pois só muito pouco sabe 
Quem se gaba de muito saber 

Provérbio provado rimado - DCCCLXXXIV

Neste viver provisório 
Há tanto amor acessório 
Abundam as aplicações 
Com oferta de corações 

Mas a maioria da oferta 
É coisa pouquinho esperta 
Emojis e frases banais 
Parecem todos iguais 

O que tu por aqui fazes? 
Só de perguntar são capazes 
O discurso nada evolui 
Quer seja um Luís ou um Rui 

E quando alguém aparece 
Que mais atenção merece 
São sete cães a um osso 
Instala-se grande alvoroço 

Provérbio provado rimado - DCCCLXXXIII

Será que a menina dança 
Terá seu par ou descansa? 
Gostava que viesse dançar 
Comigo pela pista rodar 

Prometo que não pisarei 
A distância conservarei 
Sei ser um par educado 
Quando me presto ao bailado 

Ouça que música linda 
Aproveite enquanto não finda 
Proporciona o romance 
Vamos lá dê-me uma chance 

Já vejo que desconfia 
Que tenho alguma mania 
Pois bem sou um pinga-amor 
E a menina dá-me calor 

Provérbio provado rimado - DCCCLXXXII

É na vida de todos os dias 
Que se luta pelas utopias 
Hoje um pouco amanhã mais 
Para sermos todos iguais 

Que a liberdade é uma estrada 
Que se encontra esburacada 
E às vezes parar apetece 
Quando a energia esmorece 

Há que recuperar a tesão 
Não estancar a revolução 
Tanto nela empreender 
Doa lá a quem doer 

Provérbio de dois opostos

Em comum, o Paulo e a Paula só tinham mesmo a raiz do nome que os progenitores lhes haviam botado à nascença. Em tudo o mais eram diametralmente opostos. 

O Paulo era uma pessoa assaz analítica, orientada para o sucesso dos seus objectivos e muito organizado. Tendia a pensar demasiado nas suas decisões, colocando sempre os prós e contras nos pratos da balança, o que fazia com que fosse um tanto quanto inflexível. Tudo na sua vida era planeado como se de uma lista de afazeres se tratasse: impunha-se metas fixas e traçava em antecipação a estrada a seguir para as alcançar, não deixando que quaisquer emoções ou sentimentos se interpusessem no seu caminho. Tinha habilidade para as Ciências Puras, e a Matemática em particular, e o seu mundo era todo real, não havia espaço para contos de fadas e ficção. E embora os seus objectivos pudessem parecer intransponíveis para os demais, ele sentia que eram palpáveis e exequíveis. 

Já a Paula era uma criativa por excelência, cheia de ideias inovadoras. Quando tinha de enfrentar uma situação difícil, confiava mais na sua própria intuição ao invés de se alapar no pensamento crítico. Sentia que cada passo na vida era uma lição e, mesmo perdendo, sabia-se avançando, pois para ela a viagem era mais importante do que o objectivo. Às vezes perdia-se no seu paraíso individual e tinha então a noção de que seria bom manter os pés na terra de vez em quando e prestar um pouco mais de atenção ao mundo ao seu redor. Extremamente impulsiva, fazia e desfazia as coisas de forma espontânea; era também muito sensível, agindo de acordo com os seus sentimentos. Sendo uma alma artística, a sua paixão era a música. 

Qual encontro na terra forjado no céu, quis um dia o destino que o Paulo e a Paula se encontrassem e apaixonassem irremediavelmente. A vida tem destas coisas, não é? Uns chamam-lhe fado, outros a força da natureza, outros ainda respondem a uma situação desta natureza com o maravilhoso poder da sabedoria popular. 

- Os opostos atraem-se 

Provérbio provado rimado - DCCCLXXXI

Fazer uma boa acção 
Tem na bolsa boa cotação 
Mas não é na Bolsa de Valores 
Onde só abundam credores 

Chupam o sangue dos puros 
Vorazes armados em duros 
Só sabem é amealhar 
À custa de muito enganar 

Amarram outros em ferros 
E nunca pagam pelos erros 
Com ninguém nada partilham 
Os bastardos não perfilham 

Há tantos destes tipos no mundo 
São ricos mas pobres no fundo 
Que generoso como ninguém 
É aquele que menos tem 


quarta-feira, 8 de julho de 2020

Provérbio provado num verso branco - LXXXVIII

Se cair do chão não passo 

Parti na tua direcção sem armadura 
Pronta a partir-me 
A cair redonda no chão 

Saltei para o teu campo de girassóis 
Sem pára-quedas 
Com pressa de chegar ao chão 

Corri junto a ti só esqueleto e veias 
Disposta a correr riscos 
E a poder ficar sem chão 



Provérbio provado rimado - DCCCLXXX

Quase sempre é melhor resumir 
E chegar bem rápido ao fim 
Explicar a preceito e sorrir 
Não ficar a gastar o latim 

Provérbio provado rimado - DCCCLXXIX

Eu tenho muito a mania 
De que sou uma poliglota 
Mas falei inglês na Hungria 
Não quis parecer idiota 

Eu creio ter bom ouvido 
Para outros sotaques captar 
Mas nas outras línguas gemido 
É igual em qualquer lugar 

A mímica é sempre eficaz 
E um gesto faz maravilhas 
De pedir um café sou capaz 
Na China e até nas Antilhas 

Talvez enfie uns barretes 
Nas cidades americanas 
Mas sozinha lanço os foguetes 
E depois vou apanhar as canas 

Provérbio provado rimado - DCCCLXXVIII

Ó meu amor não desistas já 
Fica comigo só mais um pouco 
Sou assim ofereço o que há 
Sei bem que por vezes sou louco 

Uns dias tenho alto astral 
Noutros estou de mau humor 
Talvez eu te pareça anormal 
Mas não desistas já meu amor 

Dá-me mais uma oportunidade 
Duas três as que puderes dar 
O que temos é também amizade 
Que partilha e sabe perdoar 

Prometo que eu serei atento 
Às tuas necessidades também 
E farei tudo a teu contento 
Com a atenção que te convém 

Iremos discutir com certeza 
Não sou santo e tu também não 
Façamo-lo com delicadeza 
Evitemos que haja agressão 

E diga eu lá o que disser 
Deixa que os outros contradigam 
Lembra-te que quando um não quer 
Dois certamente não brigam 

Provérbio provado rimado - DCCCLXXVII

O patriota fica tão pequenino 
Quando iça a bandeira e canta o hino 
E dentro de si escuta a voz 
Dos saudosos egrégios avós 

O pior é se tem saudade 
Desse tempo sem liberdade 
Em que o povo era refém 
Da censura e do desdém 

A máquina era condescendente 
E todavia pouco complacente 
Aplicando sem pesar a tortura 
A quem não se portasse à altura 

Um dia veio em que Abril acordou 
E o povo nos braços levantou 
Estava dormente e adormecido 
Tão faminto e também ressequido 

Merecia de tal mal sofrer 
Quem o Chega vem defender 
Pois só a quem dói o queixal 
É que sabe bem do seu mal 

terça-feira, 7 de julho de 2020

Provérbio provado rimado - DCCCLXXVI

Se há tubarão martelo no mar
Alguma ele há-de pregar 
Em conjunto com o peixe palhaço 
Que tem na guelra um chumaço

Mas cuidado com os canivetes 
Que em podendo cortam tapetes 
De algas verdes e castanhas 
Reunidas em turmas tamanhas 

Tapam estrelas com mais de mil anos 
E corais que resistem aos danos 
Tantos segredos o mar esconde 
Nem aos marinheiros responde 

Furioso no seu marulhar 
Quando bate na rocha o mar 
Quem se lixa é o mexilhão 
E o seu amigo berbigão 

Provérbio provado rimado - DCCCLXXV

Ter muitos livros é importante 
Mesmo que não sejam para ler 
Ficam sempre bonitos na estante 
Para quem gosta de bem parecer 

Na ponta da língua a citação 
Ainda que sem referência devida 
Dá um ar de muita instrução 
Anima conversa desenxabida 

Mas se o esperto interlocutor 
Saber quem disse tal frase quis 
Fica mal visto e é bem pior 
Se responder é como o outro diz 

O tal outro afinal não se sabe 
Se foi douto ou homem do povo 
Ou sequer se tal dito cabe 
Num livro como algo de novo 

Provérbio provado rimado - DCCCLXXIV

Se tu sentes taquicardias 
E também outras arritmias 
Mas o electrocardiograma 
É como se dormisses na cama 

Eu desconfio que o teu estado 
É o de quem está apaixonado 
Agora o que tens a fazer 
É seguir em frente sem temer 

Ficar com medo não adianta 
É uma atitude que espanta 
Entrega-te aos cornos do touro 
Como se o amor fora um tesouro 

Tu enquanto puderes aproveita 
Que a desdita se esconde à espreita 
É que cada bocado de doçura 
Há-de custar-te muita amargura