Provérbios Provados noutras casas:

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Provérbio provado num verso branco - CXXVII

Não me é natural que deixe castrar a criatividade

Que faça de cada silêncio um altar sagrado

Que me permita frustrar cada nova liberdade


Por mais gregária vem amiúde uma necessidade

De escapar à matilha que ladra mais alto

E costuma roer calcanhares em grupo

Engolindo sem mastigar e dessa forma sem pensar 


Dispenso a vistude que traja como fotocópia

Quem só repete e assim para outros remete

Demitindo-se à menor escassez de alvos a abater


Na vida comum há bom senso

Ou é da boa vida o senso comum?

Nada disto me poderá interessar

Visto que nenhuma vida é boa ou comum

Ou seria o tédio o único modo de existir


Quero a imprevisibilidade de várias maneiras

Com conta e peso mas sem medida

Jamais me morre o sonho e quando muito

Vou só ali morrer e já venho

Ressuscitei mais vezes do que Cristo ao terceiro dia

Entre desmaios tento fazer desaparecer do sudário

As marcas da vida mais recente

Levanto-me e ando pelo meu próprio pé

Envolta no lençol mais branco do que branco o recomeço 


Porque a coisa óbvia sempre me foi pouca coisa

Que não me cabe nem na cova de um dente



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