Obedecia em cheio ao estereótipo, que lhe assentava que nem uma luva do tamanho certo. Era um poeta urbano-depressivo com os dentes amarelados do tabaco e dos dez cafés diários. Lamentava a cirrose que tinha levado precocemente o Pessoa e invejava-lhe as mocas do ópio. Aquilo é que era um poeta, mas já não se fazem drogas como antigamente...
Ainda não tinha publicado nenhum dos seus poemas, uma vez que desprezava o meio editorial que achava não ter suficiente competência para avaliar o seu trabalho. Já o tinham convidado para publicar uns quantos versos numa espécie de antologia de novos talentos e também numa colectânea luso-brasileira, mas ele declinara o convite desta forma alarve:
- Não acredito em antologias nem em colectâneas. Sao autenticas mantas de retalhos.
- Muitos cozinheiros estragam a sopa
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