«Está assente, não se fala mais nos teus livros. Conheces a Pàzinha Soares?»
«Quem?», pergunto
«A Maria da Paz Soares. Uma que escreve. Todos os anos publica um livro de poemas e todos os anos muda de amante que é para manter os cornos do marido em forma. É público, não há quem não saiba.»
Agarro-me ao nome:
«Maria da Paz…»
«Conheces com certeza. Não há ninguém que não conheça essa cabra.» (Um momento: é aqui que Tomás Manuel irá jogar um dos seus passatempos favoritos, o da cabra e rédea curta). «Poesia de cama, » continua ele, «estás-me a perceber? Poesia para essas literatas das faculdades. Por isso é que se eu tivesse uma filha havia de ser feita para casar. Não acreditas? Olá. E ai dela se pusesse os cornos ao marido, que era o mesmo que mos pôr a mim. Positivamente.
- Para a cabra e a mulher, corda curta é que se quer.
»
In O delfim - José Cardoso Pires
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