Provérbios Provados noutras casas:

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Provérbio provado não hasteado

Há algum tempo, a Rosa tinha lido que o remédio para combater o sentimento de depressão era preocupar-se com a aparência. Era um artigo dedicado às leitoras mais jovens, mas nada havia ali que não fosse aplicável a uma mulher de meia-idade, ainda relativamente jovem e com excessiva preocupação em apresentar-se com bom aspecto. 

Recentemente enlutada, em virtude da perda da mãe, deu-lhe para utilizar alguns dos seus objectos de toilette: usava o seu estojo de manicura, limpando e polindo as unhas, polvilhava o corpo rechonchudo com pó de talco com fragrância de jasmim e punha água de colónia nas axilas. 

Retirou do invólucro de plástico da lavandaria os seus melhores vestidos, que ali haviam permanecido estanques para aquelas ocasiões mais importantes que, a bem dizer, jamais apareceriam e pô-los a uso. No entanto, ao ver-se ao espelho verificou que a pressão que sentia quando os vestia se devia ao avantajado engrossamento da cintura. 

Foi o bastante para se desfazer na Rosa o efeito do artigo da revista e deambulou sem destino pela luminosidade daqueles dias, por entre a multidão que parecia ter sempre encontros marcados e lugares para onde ir, reparando que ninguém olhava para ela, ninguém se dignava a virar o pescoço na sua direcção. 


- Rosa caída não volta à haste 

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