O poema é um confessionário que não se pode fechar à chave
Não é beato mas quer ensinar a missa ao padre
De cada vez que reza o seu verso é diferente
Não tem cartilha, não é de pacotilha
O poema comunga palavras salgadas
Ajoelha-se ao desejo da superação
Quer crescer cada vez mais alto aos mais altos tectos
Adormece tarde e más horas
Desperta sempre para uma nova surpresa
O poema nunca é demais nem de menos
É a medida certa para a voz da mão inquieta
O padre que reza a missa não leu o poema
Tão pouco aceita que a poesia seja feita de palavras
Debita, repete, cansa-se e cansa-os
Os fiés são fiés ao bolor
Os infiéis estão atrasados, já não vêm
Ausentes neste e no próximo Domingo
Guardam o poema no bolso roto
O poema escapa-se e ganha asas
Quando regressa ao bolso encontra um espaço novo
sábado, 20 de janeiro de 2018
Provérbio provado num verso branco - XXIII
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