Não fico muito tempo a criar raízes no fundo do poço: dou logo corda aos sapatos e ponho-me na alheta.
Também não tenho vergonha de mudar da água para o vinho se a agulha virar. E se for para andar à procura dela no palheiro, dai-me paciência e um paninho para a embrulhar que lá me vou aguentando nas canetas.
Quando percebo que me querem vender gato por lebre e atirar areia para os olhos com histórias da Carochinha, abro a pestana e não conseguem levar a sua avante: é que aos burros dá-se palha, não se dá conversa.
Deixai-os pousar que eu já comi muito milho por debaixo do espantalho, ando há muitos anos a virar frangos, essa é que é essa!
Às vezes, sou uma pessoa um bocado teimosa: faço finca-pé e, sem virar o bico ao prego, não arrepio caminho. Se depois bater com os cornos na parede, lá terei de me desemerdar: é a vidinha. Elas não matam, mas moem.
Como vêdes, gosto de chamar os bois pelos nomes, dar com a língua nos dentes e pôr os pontos nos is: não sou de levar desaforos para casa. Digo tudo tal e qual os malucos e posso ser bruta como as casas, mesmo sabendo que pela boca morre o peixe. Abro sempre o jogo e, se preciso for, também sou capaz de abrir os olhos de quem prefere fazer-se de morto ou está, simplesmente, a pensar na morte da bezerra.
Por isso, tropa fandanga, podeis sacar o cavalinho da chuva se pensais em tirar-me o tapete: antes quebrar que torcer, sabíeis? Descansai que não vou arrancar cabelos ou misturar alhos com bugalhos. Ainda assim, é melhor trocar os pés pelas mãos do que ficar a vida toda a ver passar os comboios para no fim ficar
- A ver navios
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