Provérbios Provados noutras casas:

sábado, 29 de agosto de 2015

Provérbio previsto

Não conseguia lembrar-se exactamente desde quando - talvez dois, três meses - mas ele andava diferente. Atrasava-se muito agora, ele sempre tão pontual. E, quando não se atrasava, desmarcava à última hora, ele sempre tão correcto e educado. Ora era um almoço com um cliente, ora reuniões com os colegas para discutir propostas. Demorava-se até tarde no emprego, ele sempre tão apologista de que não se podia viver apenas para trabalhar.

Trabalhar, trabalhar, não trabalhava. E o mais certo era que nem sequer o fizesse bem: andava de cabeça completamente desvairada e doente de paixão pela estagiária. Saíam a meio do dia para o motel, e depois de jantarem voltavam ao motel, onde os tomavam por mais um casalinho atrevido. Passaram-se quatro meses nisto, até que a situação se tornou insustentável.

Depois da maldita conversa, ele baixou os olhos e nunca mais foi capaz de a encarar directamente.Não lhe faltava mais nada: triste e divorciada. Andou um mês a chorar pelos cantos; porra, que só lhe vinham as recordações saborosas para aumentar o padecimento. Até que um dia entrou lá em casa, num aparatoso sobressalto, a amiga Ana. Subiu os estores, puxou as cortinas, pôs a água a correr para o duche e pegou numas calças e t-shirt lavadas:
- Anda lá, mexe-te, e seca já essa merda dessas lágrimas que nunca mais param de correr!

- Ferida molhada, ferida infectada

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