Provérbios Provados noutras casas:

domingo, 16 de maio de 2010

Provérbio sonolento

Quase uma da manhã e ainda passa o 113 para Belém quase cheio. Ainda passa o autocarro do Alegro quase cheio de pessoas quase tristes, ensimesmadas. Passam táxis contornando a rotunda, ligeiros como cruzeiros. Um movimento excessivo pela noite fora.
Os carros insistem em estacionar em transgressão, ainda que vários lugares legais disponíveis. Deles saem raparigas de ar enfastiado, transidas de um frio mal disfarçado, corpinho bem feito, transportando telemóveis de última geração, sempre colados à mão que transporta a mala. É engraçado como todas as idades aderem a estes telefones e o manusear constante, talvez na esperança de serem eternamente considerados a “última geração”.

Tudo isto como se espreitasse na minha janela num dia de insónia, mas tudo mentira: há muito que passeio pelo terceiro sono, depois da habitual e criteriosa aplicação do gel para as varizes e do creme para as mãos gretadas pelos detergentes, a minha última rotina da noite na solitária paz doméstica. Já quase a meio do mês e o senhor arquitecto sempre a atrasar o cheque, com ar de gozão: “Deixe lá, Guilhermina, mais cedo o recebe, mais cedo o gasta…”. Não fossem os poucos estudos e as contas para pagar, eu dizia-lhe das boas…

- Quando a desgraça dormir ninguém a desperte

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