Provérbios Provados noutras casas:

sábado, 28 de março de 2015

Provérbio provado conversado

Vamos de passeio, percorrendo uma longa estrada ladeada de cerejeiras em flor. Somos quatro no carro, e contemplamos e comentamos a magnífica paisagem. Fora isto, nada mais se diz; navegamos em silêncio como se no fundo do mar.
No banco de trás, a minha amiga Luísa leva um livro abandonado no colo:
- Como se chama esse livro, Lu?
- Pela estrada fora
- É esse o título? É mesmo assim que vamos.
Gonçalo, o meu companheiro do lado, conversa com os seus botões no registo habitual: é discreto e silencioso como um peixe lento.
Resta-me o Lourenço, que no ir mirando as cerejeiras vai de lado, mas alheado, calado e mergulhado nos seus pensamentos. Até que num momento se interrompe e sai-se com esta:
- As cerejas parecem flores do silêncio. E também respiram sozinhas. No entanto, juntam-se às duas e três para terem companhia.
E de repente, entre sins, enfins e afins, entre amigos, despontam palavras animadas, soltas e mal passadas.

- As conversas são como as cerejas: atrás d'umas vêm as outras

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