Provérbios Provados noutras casas:

terça-feira, 14 de julho de 2009

Provérbio etário

O convento ficava do outro lado da cidade, depois do rio. Nem todas as raparigas podiam ir a casa ao fim de semana; umas pela distância, outras por mau comportamento. Claro que para as que iam a casa a vigilância era quase tão apertada como no colégio, mas à segunda-feira havia sempre histórias para contar, em sussurros entrecortados por guinchinhos. Todas gostavam muito de fardas e não estamos a falar dos Pupilos do Exército.
Marisa dava-se bem com as colegas, mas com as freiras era outra história, principalmente com as que insistiam em tirar-lhe o S ao nome. Entre as de que gostava, havia a Irmã da Encarnação, espartana e moçambicana, que caminhava muito rígida e raramente falava, mas quando o fazia era sábia e concisa; a Irmã da Visitação, anafada e gulosa, que visitava regularmente as caixas de Pastéis de Tentúgal, e como não era avarenta os distribuía também pelas alunas; e a Irmã de Fátima que mais correctamente se poderia chamar Maria da Reclusão, pois só aparecia à hora da missa e não chateava ninguém.
Todos os dias havia uma aula de Educação Moral e Religiosa dada pela Irmã da Anunciação, a única que tinha um sorriso bondoso e muita paciência. Era já no ano seguinte que as alunas iriam desembocar num liceu misto, por isso não se cansava de anunciar cuidados:

- Dos quinze para os dezasseis, raparigas vós bem sabeis

2 comentários:

Inútil disse...

Não me canso destes provérbios.

Margarida Batista disse...

Inútil, e tu assististe aos primeiros :) welcome back! bjs