Provérbios Provados noutras casas:

terça-feira, 2 de junho de 2009

Provérbio autobiográfico

Costumo dizer que fui concebida no "Verão quente de 75" para justificar a natureza impetuosa. Quando nasci em Fevereiro de 76, chamaram-me Margarida e, por me terem dado apenas um nome próprio, muita gente me trata por diminutivos. Na infância e adolescência fui boa aluna, muito dada à leitura e pouco ao desporto, introspectiva embora sociável, características que mantenho. Vivia em Queluz, e na idade em que se escolhe uma área do conhecimento fiquei baralhada, optei pelas ciências porque gostava muito de Biologia, embora lamentasse a perda da História e da Geografia. Mas foi a Matemática que me trocou as voltas e levou-me para o Porto aos 18 anos. O curso era de Ciências agrárias, na praça a que carinhosamente chamam "os leões",e foi o 1º de 3 cursos superiores que não terminei, isto dito assim para progredir na história. Fui tendo trabalhos temporários, pois a fonte familiar secou no meio dos devaneios estudantis, até que desisti da Fisioterapia e comecei a trabalhar mais a sério, em agências de viagens e num atelier de design, produção artística e literária. Por essa altura estive num concurso de TV, era o "Um contra todos", que na cadeira derrubava os 50 na plateia; consegui responder às perguntas e acumulei uma maquia considerável. Depois resolvi estudar, podem rir!, e tirei o curso de técnica profissional de biblioteca e documentação, fiz 3 estágios e continuo sem trabalho na área. Já vivi em família, com amigos, com quase desconhecidos, junta, sozinha, no meio dos meus sobrinhos. Gosto de silêncio quando leio e nesses momentos, como noutros, gosto do meu canto sossegado. Apesar deste aparente silêncio, quando falo, falo muito, gosto de conversar, e rio muito, mesmo nunca tendo posto o aparelho nos dentes, e fumo e bebo, e tenho a voz grave e, dizem, radiofónica. Mas não sei cantar, nem desenhar, e nunca fui atleta. Sou alta e o meu nariz é bonito. E não gosto só de ler e de provérbios, também gosto de música e de cinema. E gostava de viajar mais porque há tanto a descobrir. Tenho três sobrinhos no coração, dois livros na gaveta e um antúrio a florir num vaso, por isso acho que não vou morrer já.


- Vida gemida, vida comprida

7 comentários:

marta disse...

Bom! Muito bom!

Marta (nascida no verão quente de 75)

Margarida Batista disse...

Ah, leoa!! Roarrr... ;)
Bjs enormes


Só me faltou agradecer ao pai e à mãe que lançaram a semente e são não só as raízes, como a minha estrutura. (mas isso subentende-se no texto)

Miss Kin disse...

Realmente uma boa autobiografia, espero que os próximos capítulos te tragam realização profissional, como me parece que já tens pessoal ;)

Anette disse...

Epá e não é que a tua vida já vai mesmo comprida? Muito bom!

Margarida Batista disse...

Obrigada Miss Kin! Claro que a coisa foi embelezada para se notar menos a gemida que a comprida... não é, Anette? :)

Berta disse...

O Antúrio ainda é o Artur?

Margarida Batista disse...

Bertinha, já tive vários vasos de Artures depois desse, a provar o meu gosto por antúrios e aliterações. O actual está muito bonito com 3 em floração.
Beijos enorme e obrigada pelo postal minha querida.