Provérbios Provados noutras casas:

domingo, 26 de maio de 2024

Provérbio provado num verso branco - CXLIV

Aquele coração que foi janela estilhaçada 

Sobreviveu a uma tempestade de pedras velozes 

Que lhe britaram com fúria a superfície 


Resta-lhe que não mais se conduza num ímpeto 

Na direcção do olho do furacão 

Que se desloque com cuidado redobrado 

Cautelosamente na ponta dos vasos para não sangrar 

Veia ante veia rumo ao ninho que o espera 

E onde se conserva o amor soberano 


- Esse quando assim inquestionável também absoluto 

E quando se consegue sustentar o suficiente 

Cada grama de desperdício é uma dádiva extra -


Mas se aquele coração tiver pressa pode a cabeça 

Emprestar-lhe um pensamento a fundo perdido 

Que lhe recomende um passo mais lento 

Um movimento de espião incógnito sem palco 

Nem luzes que sobre ele incidam excessivamente 


Lá vai ele sorrateiro em peúgas de lã 

Caçador atrasando a meta no rasto da presa 

Já não quer chegar adiantado como dantes 

Antes do princípio ser sequer princípio e o fim fim 

Agora quer arribar ao porto certo no ponto certo 

 

A boa sorte é sempre pouca sorte nessa viagem 

As rédeas exigem aprendizagem e muito esforço 

Desistir parece mais fácil e por isso é mais difícil 

Mas para onde o coração se inclina o pé caminha 



Provérbio provado rimado - MCCXCVII

Se a verdade amarga 

Então a mentira é doce 

Pois esta segunda a embarga 

Por mais estupenda que fosse 


Estorva a coisa concreta 

Pintada com as cores reais 

E faz com que uma treta 

Ganhe contornos banais 



Provérbio provado rimado - MCCXCVI

Quem quer prosperar na vida 

Terá de ser diligente 

Convém gastar por medida 

E não decidir a quente 


Actuar com confiança 

Sem medo e sem lamento 

Abrir uma conta poupança 

Que lhe assegure o sustento 


E se ir ao longe quiser 

Deve poupar o cavalo 

Para a viagem render 

Fazer também intervalo 


Ter tudo assim tão pensado 

Com devida antecipação 

Evita que fique assustado 

Se algo não vai de feição 



Provérbio provado rimado - MCCXCV

Se digo um disparate 

Que dá azo a confusão 

Devo engolir tal dislate 

Pedindo por isso perdão 


E se depois pinto a manta 

Arco com a consequência 

A desculpa não adianta 

Quando é dita com frequência 


Mais vale assim encaixar 

Sem fazer cara de frete 

Que o melhor é parar 

Ou é o diabo a sete 


Pois o capeta de baixo 

O coisa ruim com má cara 

Conhecido também por diacho 

Toda a contenda prepara 


Comporta-se como um farsante 

Ao ver a sua casa a arder 

E nesse momento importante 

Opta por se ir esconder 






segunda-feira, 6 de maio de 2024

Provérbio provado rimado - MCCXCIV

O Carlos é tão embirrante 

Faz tudo de má vontade 

Mas veste aquele ar importante 

De quem é dono da verdade 


Se dele alguém precisar 

Para que lhe faça um favor 

Não adianta solicitar 

Que responde com rancor 


Tem um hábito que irrita 

Sempre que é convocado 

É fazer de mau da fita 

E apresentar tudo errado 


O Carlos assim só espera 

Que mais coisas não lhe peçam 

Mostrando as garras de fera 

Até que um dia o despeçam 


Então ficará nessa altura 

Com um ar ainda mais doentio 

Por não ter noção da postura 

Que lhe confere mau feitio 



sexta-feira, 3 de maio de 2024

Provérbio provado rimado - MCCXCIII

São tantos jovens analistas 

Que opinam com propriedade 

Em política especialistas 

Mas apenas pela metade 


Apressados na opinião 

Com os olhos semicerrados 

Quando vão à televisão 

Fazem pose empertigados 


Não estudaram com consistência 

Não está firme o seu pensamento 

Contudo com vã prepotência 

Exigem um reconhecimento 


Por crerem que os seus veredictos 

Devem ser com louvor validados 

Sabem considerar interditos 

Outros cérebros destacados 


Não percebem que ter ideias 

Não é nada de transcendente 

Tantos há com as mãos cheias 

Que não chegam a presidente 


Convocando um dito verdadeiro 

Que parece caído do céu 

A opinião é como o traseiro 

Em que cada um tem o seu 



Provérbio provado rimado - MCCXCII

Se queres sonhar de verdade 

Não te esqueças de encarar 

A estrada da realidade 

Que não pára de passar 


Que o sonho anda à boleia 

Do que chamamos presente 

Os minutos passando em cadeia 

Mostram o futuro à frente 


Nós somos contemporâneos 

Dos sonhos em cada instante 

Já que eles são momentâneos 

Não ficam guardados na estante 


A somar às possibilidades 

Que cada sonho desperta 

Também há fragilidades 

Nem sempre um sonho acerta 


Mas são afinal a medida 

Que torna os dias maiores 

O sonho comanda a vida 

E faz-nos assim ser melhores 



Provérbio provado rimado - MCCXCI

O Nando gosta de esbanjar 

Mas anda a contar os tostões 

Já que não consegue poupar 

Não esconde as suas intenções 


O que mais o atrofia 

É a vida desconfortável 

Por isso tem firme a mania 

Que é assaz condenável 


Parecer mais do que é 

É uma regra para o Nando 

Ai quem lhe dera um chalé 

Consigo em voz de comando