Aquele coração que foi janela estilhaçada
Sobreviveu a uma tempestade de pedras velozes
Que lhe britaram com fúria a superfície
Resta-lhe que não mais se conduza num ímpeto
Na direcção do olho do furacão
Que se desloque com cuidado redobrado
Cautelosamente na ponta dos vasos para não sangrar
Veia ante veia rumo ao ninho que o espera
E onde se conserva o amor soberano
- Esse quando assim inquestionável também absoluto
E quando se consegue sustentar o suficiente
Cada grama de desperdício é uma dádiva extra -
Mas se aquele coração tiver pressa pode a cabeça
Emprestar-lhe um pensamento a fundo perdido
Que lhe recomende um passo mais lento
Um movimento de espião incógnito sem palco
Nem luzes que sobre ele incidam excessivamente
Lá vai ele sorrateiro em peúgas de lã
Caçador atrasando a meta no rasto da presa
Já não quer chegar adiantado como dantes
Antes do princípio ser sequer princípio e o fim fim
Agora quer arribar ao porto certo no ponto certo
A boa sorte é sempre pouca sorte nessa viagem
As rédeas exigem aprendizagem e muito esforço
Desistir parece mais fácil e por isso é mais difícil
Mas para onde o coração se inclina o pé caminha