Antes do voo prepara as asas
Para que aguentem o céu o sol e o breu
Sem estremecer ao ponto de falhar
Que irão decerto abanar nas curvas
É próprio de qualquer linha que tenhas de transpor
Se é que tens um destino se é que tens um lugar
É a infinitude de possibilidades que te congela antes da partida
Tudo o que pode correr realmente mal é demasiado possível
E essa ligadura em que te embrulhaste
Tolhe-te mais os movimentos do que te sara as feridas
Engole o veio de saliva que te inunda de receio
Gigante como um princípio que te empata qualquer princípio
Que ilustra o precipício que ainda não se prefigura lá à frente
Não adianta que rezes se não for de optimismo a oração
A ansiedade do início é grande e forte
Mas aguenta também a ansiedade intermédia
E principalmente a ansiedade que traz a repetição
À segunda e à terceira vez não é mais fácil
Existe um peso certo que equilibra os pratos da balança
Para que entre o receio e a esperança o medo não engorde demais
O medo da desgraça é bem pior que a própria desgraça
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