Provérbios Provados noutras casas:

quarta-feira, 6 de março de 2024

Provérbio provado determinado

A bem da verdade, mais que da vontade, houve de tudo um pouco. Houve quem não tivesse sequer terminado o curso, fosse por doença ou preguiça ou por não ter conseguido o tão difícil aproveitamento na cadeira de Termodinâmica. Mas cerca de cinco sextos completaram a licenciatura, numa proporção estabelecida pelo Martim que era o carola a Matemática.
O grupo de recém-licenciados apanhou então um avião para um destino semi-tropical onde dormiu pouco e se embebedou muito. Fizeram-se promessas de jantares futuros e juras de amizade para toda a vida. Só que depois regressaram. E chegou o momento das escolhas.
Quer dizer, chegou o momento das escolhas para aqueles que puderam escolher. Outros houve que tiveram de se contentar com o que apareceu. Tinham médias mais baixas ou falta de um sobrenome sonante. O caminho da grandeza estava-lhes vetado. Fosse como fosse, praticamente todos garantiram um cargo e uma posição remuneratória mais ou menos choruda.

Ao fim de dois anos e meio naquela multinacional, o Rodrigo começou a ficar impaciente. Achava-se uma marioneta e estava sedento de crescimento pessoal. Tivera uma ascensão rápida e auferia um salário formidável, mas sentia-se vazio, incompleto. Os fatos caros e os relógios de marca não lhe enchiam as medidas.
Um dia, sem que nada o fizesse prever, apresentou a carta de demissão e decidiu criar uma pequena empresa de jardinagem. Deixou de ter uma posição de status, passando a ser mais um micro-empresário guiado pela intuição. Perdeu o antigo rendimento mensal e acumulou dívidas a esmo. Porém, feliz como nunca estivera, o Rodrigo gostava de ser o seu próprio patrão.
Quando encontrava algum dos colegas da faculdade, estes surpreendiam -se com a sua decisão. Como quando encontrou o Francisco: de boné à banda e as unhas sujas de terra queixou -se da falta de segurança, da ginástica contabilística e das obrigações bancárias por cumprir. O Francisco tocou-lhe ao de leve no braço e argumentou:

- Mais vale ser rabo de pescada do que cabeça de sardinha

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