Foi de tal forma surpreendente o final da relação que ela esteve vários dias atónita, sem sequer acreditar. Mas era bem real: acordava já com lágrimas nos olhos e o sono não vinha com eles molhados. Como as lágrimas se faziam torneira e não secavam, o sono não vinha mesmo.
A forma como tudo terminou é que foi a maior surpresa. Fora marcadamente terrível e passível de apagar as boas memórias, que as havia. Ele conduziu o desfecho e quis a conclusão de um dia para o outro, cheio de uma certeza tão gelada que lhe fez impressão. Como se andasse a congeminar essa despedida há muito tempo e ela, tola, não havia dado por nada.
Depois ele veio com aquela converseta do Vamos ficar amigos. Ela mandou-se ao ar de tão furiosa: o desprezo com que ele a afastava era mais próprio da inimizade. Entrou em parafuso e teve uma crise nervosa, ficou completamente desorientada e desatinou o mais que pôde. O que só lhe veio dar mais razão: não queria aquela louca na sua vida.
Então ela partiu, jurando que ele não mais lhe poria a vista em cima. Quem era capaz de a descartar sem qualquer consideração, não merecia um grama desta. Agora teria de se reinventar e relançar a vida todinha de novo. Ele ficava confortável na sua ilha, para ela era o tempo dos caixotes com fita adesiva. Atirou-lhe a chave de casa com raiva e não lhe desejou felicidades. Porque verdadeiramente não desejava.
- A corda arrebenta sempre do lado mais fraco
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