Quem me dera ser mileurista
Mas aufiro um baixo salário
Sou uma espécie de artista
Com um emprego ordinário
Dizem que devo dar graças
Por ao menos trabalho ter
Mas sou explorada caraças
Para poder sobreviver
A quantidade de conhecimento
Necessário para a minha função
Exige que seja um portento
Que preste muita atenção
Quando chego ao fim do dia
Tenho a cabeça cansada
Se quero escrever poesia
Só me sai matéria pesada
Voltei para a casa dos pais
Não consigo pagar uma renda
Como eu há tantos iguais
E outros só com uma tenda
Para quando mais dignidade
E o meu lugar no mundo
Companhia nesta cidade
Um sono que seja profundo
Esta letra para canção
É um grito de alguma revolta
É pena não ter um refrão
Ser apenas um verso à solta
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