Que bate na gelosia
Quando vem a tempestade
Sou a gaivota que mia
Gato preto sem idade
À porta da Ti Maria
Sou também a claridade
Quando rompe um novo dia
Tenho em mim uma vontade
Uma tal fé e alegria
Mas a tristeza na verdade
Também me faz companhia
Vai-me valendo a amizade
Para ir tendo parceria
Que às vezes a realidade
É uma coisa que se adia
Decido em liberdade
E tenho ainda a mania
De deixar pela metade
O que antes me afligia
Quando mete autoridade
Perco-me naquela teimosia
De lhe achar pouca bondade
Ou força não exerceria
Quando tenho vitalidade
Aproveito em demasia
Misturo-me na sociedade
Com a suspeita que fingia
Creio na imparcialidade
Mas se um dos lados pedia
Benefícios com maldade
Que lhe dessem primazia
Falta-me a humildade
Reconheço-lhe alergia
Chamada de simplicidade
Quando é mais uma covardia
Com tanta frontalidade
Digo até o que não queria
E logo com assiduidade
Ouço alguma aleivosia
Pois a lei da igualdade
Que a justiça já porfia
Me dê verticalidade
Sem pingo de sobranceria
Com esta familiaridade
Desejo-vos todo o dia
Com a maior brevidade
O dobro do que eu desejaria
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