O Pedro era aventureiro e bem humorado. Com ele havia sempre a garantia de um tempo bem passado, pois era extremamente divertido e estava sempre de bem com a vida. Esbanjava uma atitude positiva, atraindo as pessoas em seu redor de uma forma muito natural. O Pedro adorava comunicar e conhecer gente nova, assim como realizar actividades diferentes que fugissem da rotina banalíssima, o que lhe permitia arrecadar o máximo possível de boas experiências.
No que ao amor dizia respeito, o Pedro era, digamos, proactivo e assertivo, para usar dois termos tão caros ao jargão das entrevistas de emprego. Quando estava interessado numa mulher, não perdia tempo e partia imediatamente para o ataque, fazendo-a sentir-se muito desejada. Mas se acaso o caso não desse certo, o Pedro não ficava a chorar pelos cantos: seguia em frente com o coração cheio de esperança no futuro e partia rapidamente para outra sem problema algum. Adorava namorar de forma casual e os seus romances quase nunca eram duradouros, já que gostava mais da fase do flirt propriamente dito que das exigências que trazia uma relação. A sua parceira ideal não podia ser possessiva ou controladora, tinha de respeitar a sua sede de liberdade e ser igualmente livre e divertida.
O Pedro era gregário e aglutinador e do que ele gostava mesmo era do convívio, de sair com os amigos para a farra, de preferência com um grande e heterogéneo grupo. Nessas saídas à noite, cortejava muitas mulheres, abusando do seu forte poder de sedução. Os amigos admiravam-se de ele facturar tanto! Então, o Pedro gabava-se de ter um bom paleio e um beijo magnígico. E era bem verdade: o seu beijar era espontâneo e criativo, intenso e sensual, com a dose certa de língua.
Mas tudo isto tinha um reverso da medalha, pois o Pedro tinha muita dificuldade em controlar as suas pulsões e excesso de testosterona. Claro que não admitia ser viciado em sexo, dizia apenas que tinha um lado mais selvagem, mas andava sempre com o desejo à flor da pele. O sexo para o Pedro tinha de ser o mais original possível e procurava sempre ser muito inovador na cama. Na cama é como quem diz: na cozinha, no carro, na praia, nas casas de banho públicas, elevadores e provadores das lojas, ou qualquer outro local dito proibido. Quanto mais variados fossem os lugares, as posições e as situações criadas, mais tesão o Pedro tinha. Então se fosse de pé, isso é que ele gozava! Uma grande panóplia de jogos sexuais, brincadeiras prevertidas e acessórios de sex shops eram condimentos que o levavam à loucura.
Tanto inventou, que chegou o momento em que já não se excitava com o sexo tradicional e escorreito... E começou a necessitar de cada vez mais artifícios para ter prazer e conseguir atingir o clímax.
- Vícios privados, públicas virtudes
quinta-feira, 28 de dezembro de 2017
Provérbio provado viciado - II
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