Tinha seis anos e os olhos grandes como todas as crianças, bem abertos a cada manhã, cheios de curiosidade pela vida que era uma canção e uma descoberta constante.
Gostava da chuva para poder chapinhar nas poças, até a mãe lhe ralhar: olha que te sujas toda, olha que te constipas!
Pedia uma irmãzinha à mãe para lhe poder vestir vestidinhos como fazia às bonecas, roupas muito brancas com laços cor de rosa, para lhe poder cantar as cantilenas que lhe ensinavam na escola.
Todos os dias aprendia mais uma letra, uma letra dum alfabeto tão comprido que parecia não terminar.
Gostava muito de ouvir histórias e gostaria de vir a escrever aquelas que não lhe tinham contado mas ouvira na imaginação.
Um dia perguntou à professora:
- Porque é que o amor anda descalço? É que o meu pai está sempre a dizer à minha mãe que se não fôssemos pobres lhe dava um par de sapatos novos todos os dias porque a ama tanto... Não serão os beijos na boca as melhores prendas? Eu também queria dar um beijo na boca, mas o Ricardo foge sempre de mim! Será que terei na vida beijos suficientes? Daqueles muito demorados como os dos meus pais quando vão de noite para o quarto e pensam que eu não estou a ver. Já não sou nenhum bebé... e sei muito bem que é das línguas unidas que vai nascer a minha irmãzinha.
- Da boca das crianças sai a verdade
domingo, 24 de dezembro de 2017
Provérbio infantil
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