Sou o Roberto e, apesar de ainda não ter feito trinta anos, já sou proprietário de vários estabelecimentos turísticos na capital. Na verdade, são apenas três apartamentos com dois quartos cada e a precisar de obras em Moscavide, que alugo à noite a turistas de pé descalço através de uma plataforma online, mas esses pormenores todos não precisam de saber as moças mais incautas das aplicações de encontros onde constituí perfil, a quem me apresento como empresário de hotelaria, formado na escola da vida e amigo do meu amigo.
Já me aconteceu ir tomar uns cafezinhos com algumas dessas alminhas, mas a maioria é desinteressante: umas só falam das aulas no ginásio, outras da novela que estão a seguir, muitas mostram fotografias dos animais de estimação. Além disso, são quase todas tímidas - ou fazem-se! - quando lhes pergunto se têm curiosidade em conhecer os meus alojamentos turísticos. Eu bem lanço a escada... E, por falar em escada, quase cheguei a levar uma delas à porta de um dos T2, mas quando me encostei a ela no elevador acanhado, começou com uma conversa da vacina da gata no veterinário e tal e escapuliu-se; claro que aquilo foi desculpa de mau pagador, deve ter pensado que ia para algum condomínio de luxo da Estrela à Lapa.
Enfim, que eu não me chame Roberto, que chamo!, se não hei-de levar a minha avante e encontrar uma princesa que me leve a desinstalar aquela aplicação: estou farto de tanta conversa de chacha com excesso de emojis que nunca dá em nada, é preciso ter azar! Mas isto vai, isto vai.
- Quem quer fogo, busque a lenha
sexta-feira, 1 de maio de 2020
Provérbio provado afogueado - II
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário