Quanto entregou as tábuas da lei a Moisés, e se à época já era assim tão omnisciente como dele se conta, Deus já devia estar mesmo a prever esta situação, por isso é que teve o cuidado de colocar logo em segundo lugar o seguinte mandamento: não invocarás o santo nome de Deus em vão. E se não roubarás ou não matarás são susceptíveis de gerar consenso em todas as religiões, esta sugestão divina tem vindo a ser candidamente ignorada desde então, desde os católicos mais fervorosos aos ateus habitantes de países laicos imbuídos duma certa moral judaico cristã. Invocar Deus a torto e a direito (é assim que ele escreve nas linhas dos seus cadernos) faz parte da cultura popular e é um costume adoptado sem grandes interrogações desde as idades mais tenras, permeável a géneros, comum ao campo e à cidade, hábito de poucos ricos, alguns pobres e tantos remediadamente pobres. Ou seja, a coisa é transversal a todas as franjas da sociedade (como está na moda dizer, os que opinam nos ecrãs vão todos ao mesmo barbeiro de certeza). Deus é pai, Deus castiga, que Deus te abençoe, Deus te pague, Deus te ajude, Deus te livre e guarde, Deus isto e aquilo, é interminável. Deve ser complicado distinguir o essencial do acessório assim, até mesmo para uma divindade: deve estar desertinho que chegue a reforma. Gosto especialmente de quando Deus surge no adeus no tão fofinho Até amanhã se Deus quiser. Ao que respondo de bom humor: Deus quer! Dizem que Deus não dorme, pudera!, esta barulheira toda deve ouvir-se lá em cima...
- Deus não dorme
domingo, 19 de novembro de 2017
Provérbio do segundo mandamento
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