O Paulo era uma pessoa assaz analítica, orientada para o sucesso dos seus objectivos e muito organizado. Tendia a pensar demasiado nas suas decisões, colocando sempre os prós e contras nos pratos da balança, o que fazia com que fosse um tanto quanto inflexível. Tudo na sua vida era planeado como se de uma lista de afazeres se tratasse: impunha-se metas fixas e traçava em antecipação a estrada a seguir para as alcançar, não deixando que quaisquer emoções ou sentimentos se interpusessem no seu caminho. Tinha habilidade para as Ciências Puras, e a Matemática em particular, e o seu mundo era todo real, não havia espaço para contos de fadas e ficção. E embora os seus objectivos pudessem parecer intransponíveis para os demais, ele sentia que eram palpáveis e exequíveis.
Já a Paula era uma criativa por excelência, cheia de ideias inovadoras. Quando tinha de enfrentar uma situação difícil, confiava mais na sua própria intuição ao invés de se alapar no pensamento crítico. Sentia que cada passo na vida era uma lição e, mesmo perdendo, sabia-se avançando, pois para ela a viagem era mais importante do que o objectivo. Às vezes perdia-se no seu paraíso individual e tinha então a noção de que seria bom manter os pés na terra de vez em quando e prestar um pouco mais de atenção ao mundo ao seu redor. Extremamente impulsiva, fazia e desfazia as coisas de forma espontânea; era também muito sensível, agindo de acordo com os seus sentimentos. Sendo uma alma artística, a sua paixão era a música.
Qual encontro na terra forjado no céu, quis um dia o destino que o Paulo e a Paula se encontrassem e apaixonassem irremediavelmente. A vida tem destas coisas, não é? Uns chamam-lhe fado, outros a força da natureza, outros ainda respondem a uma situação desta natureza com o maravilhoso poder da sabedoria popular.
- Os opostos atraem-se
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