Tudo
nos tempos modernos se baseia na usabilidade. Se não frui
imediatamente, não sobra nada que se possa emoldurar. Deita-se fora,
segue-se adiante. Os remorsos não entram na equação: cada um que
se amanhe como puder e de preferência com um sorriso na cara.
A
escrita inteligente transforma a escrita reflectida. Quando se
escreve agora amor, a sugestão é amordaçar: o que não deixa de
ter uma certa graça para um humor algo ácido.
Este
amor mais presente escreve-se no plural. Ousou ser para toda a vida,
mas já se sabe que o mercado não permite essas inclinações
sentimentais. Todas as metáforas outrora apropriadas estão
obsoletas. Onde é que já se viu comparar o amor a uma flor que
todos os dias tem de ser regada? A uma ponte que une as duas margens?
Coisa de gente tola e crédula!
Romântico
é passado. Desenraizado é que é bom. Descomprometido, pronto para
a próxima aventura. Bem
se podem tentar as
duas abordagens, que
só
pode sobrar
o melhor amor: o filial. Esse sim, certinho como o destino. Só que
depois é uma merda. A falta de amor vai-nos fodendo
por dentro.
Que
me perdoem os que julgam viver um amor verdadeiro: nunca esperei
servi-lo com palavrões num mesmo parágrafo.
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Amor de Verão não dura mais que uma estação
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