Tenho o nome de uma flor quando me chamas
És uma flor do campo nem bonita nem feia
Mas o teu odor é tão característico que incomoda os narizes
Não é desagradável
Não me interpretes mal
Se eu nem sequer usei do olfacto quando estavas no berço
Tinha os sentidos ainda a dormir na hora em que nasceste
Quando despertei já tu eras grande
Sem tempo para me tirar as medidas da corola
És um espinho que se crava nas memórias
Ainda não te conheço e já chupei o sangue dos meus dedos
E já sabes com toda a certeza que também sou uma flor
Daquelas flores tristes que abundam pelas cidades
Habitando numa nesga de terra suja sem erguer as pétalas para a luz
Como um navio naufragado cheio de tesouros escondidos
Eu ainda a aprender como se faz
Que viver não custa
O que custa é saber viver
Ambos flores tão juntas porque separadas
Sabendo que amanhã e depois continuaremos assim
sábado, 30 de junho de 2018
Provérbio provado num verso branco - XXXIX
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