Provérbios Provados noutras casas:

terça-feira, 20 de agosto de 2024

Provérbio provado desagradado

Há nomes que assentam que nem uma luva a certas identidades. Uma luva de tão fina malha que parece fazer parte da mão e de cada um dos cinco dedos. 

De facto, a Luzia luzia. A sua beleza era de tal forma estonteante e luminosa que quase cegava. Para além do mais, era alta e magra e, contrariamente ao que se poderia supor, tinha sido agraciada com uma massa cinzenta digna de registo. A presença de tal mulher mais parecia uma provocação.

A perfeição está longe de existir: é uma corrida sem meta à vista. Talvez por isso, os homens que voltejavam ao seu redor lhe procurassem defeitos. Talvez também por isso, as mulheres que a rodeavam se munissem de lupas de grande alcance. Mas era debalde: a Luzia, de tão agradável, era o que se pode chamar uma boa pessoa.

Mas, por mais testosterona que lhe exibissem, a Luzia não se iludia. Por mais inveja que lhe destilassem, a Luzia não sucumbia. E isso era intolerável, principalmente para o mulherio que não possuía os mesmos predicados.

Em qualquer corrida, há sempre o perigo de se poder sofrer uma rasteira. Manobra essa perpeptuada, já se sabe, por gente rasteira. Assim sucedeu com a nossa protagonista a quem subtraíram o protagonismo. Foi atirada para um arquivo sem janelas, destituída das anteriores funções, ficando a criar mofo. De cada vez que se abria a porta dessas instalações, raiava uma luz tão clara que continuava a cegar.



- Não se pode agradar a gregos e a troianos 



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