Avançamos pela vida sem rasgo nem deslumbre
No lugar do morto em piloto automático
Atravessando os instantes em câmera lenta
Cada vez mais ignorantes a cada jornada
Esquecidos de que o tempo é um barco veloz
Cujo instinto é engolir a espuma das ondas
Meio cego imprevidente e impaciente
Esse amor-próprio é próprio do tempo
Pasmados de céu e do vaguear das nuvens
Acostumados à medida do relógio
Distorcemos a compreensão temporal
Numa realidade composta de matéria
Onde o que vemos e tocamos se faz lei
Sendo assim o tempo a dimensão da mente
Mas tantas vezes o ontem foi igual há um ano
E o ano passado tal como há dez e há vinte
Quando enfim despertamos já passou
Um intervalo em que acordados adormecemos
Não o futuro não se compadece da imobilidade
O acaso é um caso breve e talvez raro
E a vida de tão fugaz torna-se quase gigante
O dia de amanhã só nos pertence amanhã
O dia de amanhã ainda ninguém viu
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