Provérbios Provados noutras casas:

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Provérbio provado conversado - II

A Georgina vivia no seu mundinho do quero, posso, faço e aconteço. Argumentativa e persuasiva, ilustrava com exemplos cada sua sentença. Tinha sempre uma citação de cor - fosse de um autor de renome, de um personagem televisivo ou até extraída de uma conversa ouvida no café nessa manhã -, vira sempre in loco as ocorrências que procurava comprovar com os dois olhinhos georgianos que a terra haveria de comer.
A Georgina falava que se desunhava, como está bem de ver, e normalmente tinha quem a escutasse, pois não era de ficar em casa a falar com as paredes. Muito activa, a sua condição de desempregada não a deixava esmorecer. Enviava currículos a torto e a direito e frequentava inúmeros cursos inúteis cujos horários se chegavam inclusive a sobrepor. Nas lojas nas repartições e escolas - algumas duvidosas -, Georgina entabulava conversa com toda a gente desde o porteiro ao máximo doutor sem pausas nem vergonha. Todo o santo dia tagarelava e assim se dava por contente.
Até que um dia uma gripe fulminante num Inverno mais aparatoso a venceu. Caiu à cama e não mais piou. Nenhum dos seus ocasionais interlocutores a foi visitar para dar dois dedos de conversa e Georgina foi definhando com uma enorme fraqueza.

- Falar, falar, não enche barriga

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