Provérbios Provados noutras casas:

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Provérbio provado rimado - MCCCXLI

Não bebas coisa que não vejas 

Nem assines carta que não leias 

Podem não ser o que desejas 

Não serem iguais às ideias 


Porque um ponto de partida 

Pode descambar em fiasco 

E apanhada desprevenida 

A gente até fica com asco 


Mas também por outro lado 

Acontecem boas surpresas 

E esse acto inesperado 

Deita por terra certezas 


Tal como debaixo dos pés 

Se levantam vários trabalhos 

Também podes obter ao invés 

Sucessos que chegam sem ralhos 


Assim quem menos considera 

Que lhe ofereçam conselhos 

Verá donde menos se espera 

É que saem enfim os coelhos 




sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Provérbio provado rimado - MCCCXL

Quando não encontrares fora 

Porque dentro é que é o lugar 

Não esperes agenda ou hora 

Não deixes a coisa alquebrar 


A coisa pode não ter nome 

Ou não se conseguir contar 

E ser responsável pela fome 

Que jamais te vai saciar 


Sempre que fizer sentido 

Escutares a voz interior 

Esquece o então prometido 

Agarra esta com fervor 


Não penses que é solitário 

Este para dentro olhar 

De facto até é gregário 

Mais fácil outrem aceitar 


Não és assim tão diferente 

Daquele que te circunda

Que também carrega na mente 

A mesma angústia profunda 


Faz-lhe saber que te importas 

Que seu padecer tu lamentas 

E não lhe feches as portas 

Se a sua casa frequentas 


Dá e pede também atenção 

Que esse cobertor não encolhe 

Mas cuidado com a proporção 

Quem pede depois não escolhe





Provérbio provado rimado - MCCCXXXIX

O Pedro é um pobre coitado 

Que dantes era ignorado 

Até que um dia apostou 

E noutros se pendurou 


É uma criatura cinzenta 

Mas ser colorido ele tenta 

Suplicando um par de amizades 

Que engulam as suas verdades 


É chamado para discursar 

Só lhe falta porém gaguejar 

São lacunas de auto-estima 

E do pouco que o anima 


Chega a noite e está sempre só 

Numa solidão de dar dó 

Com um livro sobre o regaço 

A fazer as vezes de abraço 


Não quero ser maldizente 

Preferia até ser indiferente 

Mas tal tipo de comportamento 

Já foi para mim um tormento 


Pois usar e logo deitar fora 

Enquanto o próprio melhora 

De muito egoísmo é sinal 

Desse ser tão artificial 



Provérbio provado rimado - MCCCXXXVIII

Afinal se há vida ideal 

É parecida com a vida real 

Pois com tanta ida e vinda 

Quem existe está na berlinda 


Os quebrantos depois dos sucessos 

Os avanços e os retrocessos 

Desenham-se no tabuleiro 

Que retrata um ser por inteiro 


A história de cada vivência 

Com maior ou menor resistência 

É então um grande mistério 

Que nunca é levado a sério 


Mesmo quem se crê no direito 

Não alcança o equilíbrio perfeito 

Há um nível de desassossego 

Que só lixa os planos ao ego 


Pois é sempre humana a matriz 

Mesmo que muito forte a raiz 

Há quem seja refém da agonia 

E assim não vislumbre a magia 


Exercendo a própria liberdade 

Pode-se extrapolar à vontade 

Mas mantendo um ou vários sistemas 

Para poder manejar os problemas 


É preciso é manter a calma 

Sendo a paz um casaco da alma 

E assim tudo viver com leveza 

Sem a exigência da certeza 


Praticar esta serenidade 

Não dá pasto a tanta ansiedade 

Que é mestra na vã sabotagem 

Que termina sempre em paragem 


Entregar-se à auto-punição

Por não conseguir dar vazão 

Só que a vida em nada melhora 

Tudo à roda o castigo piora 


Com a maturidade a ajudar 

Para a sabedoria alcançar 

Ignorando os momentos fugazes 

Já que tréguas não se chamam pazes