Afinal se há vida ideal
É parecida com a vida real
Pois com tanta ida e vinda
Quem existe está na berlinda
Os quebrantos depois dos sucessos
Os avanços e os retrocessos
Desenham-se no tabuleiro
Que retrata um ser por inteiro
A história de cada vivência
Com maior ou menor resistência
É então um grande mistério
Que nunca é levado a sério
Mesmo quem se crê no direito
Não alcança o equilíbrio perfeito
Há um nível de desassossego
Que só lixa os planos ao ego
Pois é sempre humana a matriz
Mesmo que muito forte a raiz
Há quem seja refém da agonia
E assim não vislumbre a magia
Exercendo a própria liberdade
Pode-se extrapolar à vontade
Mas mantendo um ou vários sistemas
Para poder manejar os problemas
É preciso é manter a calma
Sendo a paz um casaco da alma
E assim tudo viver com leveza
Sem a exigência da certeza
Praticar esta serenidade
Não dá pasto a tanta ansiedade
Que é mestra na vã sabotagem
Que termina sempre em paragem
Entregar-se à auto-punição
Por não conseguir dar vazão
Só que a vida em nada melhora
Tudo à roda o castigo piora
Com a maturidade a ajudar
Para a sabedoria alcançar
Ignorando os momentos fugazes
Já que tréguas não se chamam pazes