Nasceram as três no mesmo dia. Num daqueles hospitais dos subúrbios como grandes cogumelos ao lado de cemitérios, construídos com evidente bom humor.Como o pai queria três rapazes em vez de três meninas, vingou-se do cromossoma X na atribuição dos nomes às três bebés:
- Vou chamar-lhes as três Marias, como a minha mãe, a minha avó e a minha bisavó antes dela. Mas terão um segundo nome próprio igualzinho, sem tirar nem pôr, aos nomes que eu já tinha escolhido, faço questão! E quando forem mulherzinhas ainda me vão agradecer!
A Maria Jorge era a irmã mais versátil. Era quase sempre divertida, alegre e até ousada. Tinha uma imaginação fértil e era uma amante acérrima da liberdade. Em virtude de ter os ouvidos muito sensíveis, não gostava de receber ordens.
A Maria Manuel também preservava a liberdade, mas a do seu umbigo. Vivia constantemente em busca de dinheiro, por vezes de formas totalmente inusitadas, sem medinho nenhum de correr riscos, atirando-se de cabeça.
A Maria Miguel atirava-se aos livros:gostava de estudar e de saber, para poder atingir os seus objectivos com mais facilidade. Era a cientista da família e almejava um Nobel - ou dois! Por ser tão sabichona, tomavam-na por arrogante e inflexível.
Uma coisa era certa: as três Marias eram muito bonitas. Tinham olhos amendoados cor de mel, uns lábios bem desenhados e o nariz perfeito, arrebitado.
- Não há bela sem senão
sábado, 7 de julho de 2018
Provérbio provado embelezado
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