«Gago Coutinho era também o café do Mete Lenha, branco sopinha de massa cujo esforço para falar o torcia de caretas de defecação, casado com uma espécie de botija de gascidla enfeitada de colares estridentes, sempre a queixar-se aos oficiais dos beliscões com que os soldados lhe homenageavam as nádegas atlânticas, difíceis, aliás, de discernir numa mulher aparentada a um imenso glúteo rolante em que mesmo as bochechas possuíam qualquer coisa de anal e o nariz se aparentava a inchaço incómodo de hemorroida, café para refrescos inocentes nas tão compridas tardes de domingo, e onde pela primeira vez o tenente, confidencial, abriu a carteira para me mostrar a fotografia da criada, e revelou, recostando-se para trás no assento de ferro por de mais exíguo para as suas omoplatas enormes, o produto sintético das meditações de uma vida:
- Sopeira em que o patrão não se ponha nunca chega a criar amor à casa.»
In Os cus de Judas - António Lobo Antunes
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
Provérbio citado (ANTUNES)
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