« (...) Criava simpatias entre a criadagem; armada em conselheira, ouvia, toda saturada de lógica e espírito piedoso, as práticas das serventes rebeldes. Por elas, conhecia o escândalo de alcova, as misérias domésticas, as longas histórias de família, que os interesses faziam de uma sordidez de viela. Toda a escorralha podre e inútil daquela burguesia cujos nervos amoleciam na fartura, cujo orgulho não era mais que um histerismo de populaça que se embriaga e se rebola em colchões de plumas, ela a sepultava na sua alma, colocando-lhe por cima um sinete de sigilo, à semelhança dos campónios que, depois de uma catástrofe, duma batalha, encontram os vasos do templo e os enterram para não serem culpados de violarem coisas sacras. - «A prudência é a mãe dos pequeninos» - costumava dizer. (...)»
In Contos impopulares / Agustina Bessa-Luís
terça-feira, 11 de outubro de 2016
Provérbio citado (LUÍS)
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