Não acredito em amores
Só me têm dado dissabores
Cada vez que penso que é desta
Acaba-se cedo a festa
No entanto não tenho amargura
Acho sempre que tudo tem cura
E após queda aparatosa
De voar já estou desejosa
Pois quem acaba de chegar
Pelos outros não tem de pagar
Merece alegria e esperança
Que em si eu tenha confiança
Que o amor nem na selva tem lei
Nem por ela jamais esperei
É preciso guião não haver
Nem local onde se esconder
Mas tem deveres e direitos
Mesmo que de gestos mal feitos
Tem lugares e palavras erradas
Tem pernas galgando estradas
Dispensa corrimão e gaiola
Não se aprende decerto na escola
E por mais que nos livros se escreva
Do amor é pouco o que se leva
Porque mesmo a dois se está só
No em cada um dá um nó
Há várias coisas impossíveis
Que são no amor indizíveis
Não lhe servem as definições
Presentes em tantas citações
Não se sente da mesma maneira
Cada vez que assoma à soleira
É verdade que é um mistério
Que se quer descobrir a sério
E há quem troque toda a vida
Por uma paixão correspondida
Que queira embarcar na viagem
E pelo andar da carruagem
Possa ver a sua companhia
Com dedicação e empatia
Sem comentários:
Enviar um comentário