Às segundas terças e quartas
No espelho não sou eu que estou
Aparecem caretas tão fartas
De pessoa que já se cansou
Mas em outros dias aternados
O espelho devolve um sorriso
Quando estou com os dentes cerrados
E acho que dele não preciso
É tão estranha a relação
Que tenho com essa imagem
Raramente existe atracção
Ou espaço para uma mensagem
Fico ali a olhar-me inquieta
Se páro mais do que um minuto
Aguardando uma coisa secreta
Que acrescente um contributo
Mas só se dá uma estranheza
Maior que a passagem dos anos
E também a frequente certeza
De que somos num vários humanos
Serei só apenas eu quem rima
Quando está diante do espelho?
A fazer caretas não se ensina
A um qualquer macaco velho
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