Aqueles eram os dias entre a apanha do figo e da uva, e embora as nuvens escondessem teimosas o sol, ele queimava. Às vezes punha-se um tempo muito abafado, carregado de ventos quentes, que dava dores de cabeça. A Avó em casa dizia: Está aqui, está a pôr-se a trovejar; o Avô na várzea dizia: Vamos embora, que vem lá trovoada. Então voltávamos ligeiros e ao passar ao São João, onde ficava a tele escola com o seu catavento altaneiro que nesses dias rodopiava sem destino, vínhamos por ali abaixo que assim como assim todos os santos ajudam. Chegados a casa já estava a Avó numa prece baixinha, uma reza que tentou várias vezes ensinar-me. Eu, garota, reagia ao drama fugindo a esconder-me debaixo da cama, donde só saía quando voltava a bonança.
São recordações tão vívidas que, ainda hoje, tremo ao som do trovão e começa-se a desenhar-se a canção da qual só me lembro o início: "Santa Bárbara bendita, no céu está escrita, leva lá para bem longe esta trovoada..."
- Só se lembram de Santa Bárbara quando troveja
domingo, 23 de agosto de 2015
Provérbio provado santificado
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