«(...)
Mulhermente,
Lola crescera para ser muito atraente, ao ponto de parecer uma
evolução estética da humanidade. A evolução é isso mesmo: uma
pessoa sabe que evoluiu quando à sua volta só vê macacos. Lola
desenvolveu esse espaço poético que é o seu corpo, tudo com grande
elegância. Enquanto ela o fazia, os homens à sua volta desenvolviam
a acuidade visual e, quando ela passava, permitia que apanhassem
torcicolos. Mas não se prendia a nenhum, até que um dia apareceu o
imbecil certo. Demora muito até que aconteça e a maior parte das
mulheres não tem essa sorte. A maior parte casa-se simplesmente com
o imbecil errado.
O
encontro dos dois deu-se numa das festas em que a sua mãe já não
era convidada (…). Plácido haveria de se tornar noivo de Lola,
depois de dois anos de namoro. Ele era um rapaz bem-parecido, alto,
de ombros largos e com grande capacidade para calar-se a si mesmo. Na
noite em que se conheceram, ele quase não falou. O perigo disto é
bem conhecido. Há um provérbio que o afirma claramente: o néscio, por se calar, passa por sábio. (...)»
In A carne de Deus : aventuras de Conrado Fortes e Lola Benites - Afonso Cruz
In A carne de Deus : aventuras de Conrado Fortes e Lola Benites - Afonso Cruz
Sem comentários:
Enviar um comentário